Aliás, com essa declaração darei combustível a todos os meus críticos. Entrego a eles gasolina e fósforos. Ateiem fogo. Massacrem. Mesmo os grandes são escravos de seus opositores. O que seria dos céus sem o inferno. Do yin sem o yang. Do governo sem oposição.
Pois bem, aí vou eu: assumo que gosto de platéia. Gosto de que me ovacionem. Gosto de ser o centro das atenções. Gosto de elogios. Sou facilmente manipulável por eles. Sou tolo. Idiota. Refém de minha própria empáfia.
Abro assim a sessão "ovos". Atirem. Aos montes. Critiquem. Maltratem. Reforcem que estou certo. Que, em algum momento sentiram isso. Perceberam minha intenção de guardar "aquela" história pro fim. Pra todo mundo ir embora pensando "uau!". Digo "algum momento" por que, mesmo incorrendo neste defeito, o faço de forma inteligente. Sutil. É mais uma maneira de me auto afirmar.
Talvez seja por que, realmente, vivi 50 anos em 28. Passei por muitos episódios. Tenho muitas histórias pra contar. Mas e daí!? Há pessoas que viveram 500 anos em 28. São muito mais interessantes do que eu. Tem muitos causos de mesa da bar. Tem muito mais papo. Muito mais motivo para ser como eu sou. Um bobo. E nem por isso o são. Guardam. Pesam. Medem.
Já eu não. As vezes passo da conta. Na ânsia de aparecer conto e reconto muitas histórias. Não que cite aventuras alheias como minhas. Mas, na verdade, muitas vezes aumento as minhas próprias. As torno homéricas. Épicas. Tenho mesmo talento para narrativa. E isso aumenta ainda mais meu problema. Sou hábil. Mestre em encantar com as palavras.
Pois bem, amigos. Este é o defeito que mais me incomoda. Tenho que superá-lo.
Sou patético. Escrevo aqui com tamanha contundência esperando bater recorde de "comments". Parti para autofagia na intenção de locupletar-me. De alimentar meu problema. Sou patético...