sexta-feira, 28 de março de 2008

O Post 69

Pois bem. Chegamos a ele: o Post de número sessenta e nove. Sobe-me um calafrio na espinha, só de escrever esse número. Mentes mais acaloradas que se acalmem. Não comecem a navegar por imagens obscenas. O post 69 não significa sacanagem – apesar de inspirar. O post meia nove me deixa arrepiado por que nunca imaginei chegar tão longe. Nunca pensei em ter um blog, quem dirá atualizá-lo (quase) constantemente por (quase) um ano.

Feito o quebra-gelo, vamos ao que interessa. Penetremos no post 69. Hoje vim aqui dizer que estou estupefato. Pasmo com o rumo das coisas. Do que estou falando? Simples. Estou pasmo por que o ser humano morreu. Mó-rreu. Já era. Ficou obsoleto. Deu lugar a outro bicho. Ou melhor, outro bicho-máquina.

Nunca um pensador foi tão certeiro quanto Marshall McLuhan. Esse sujeito – que morreu em 1980 – já dizia o seguinte: “os meios de comunicação são as extensões do ser humano”. E dizia isso em 1964, no livro “Understanding Media: The Extensions of Man” (engana-se quem pensa que foi no “The Medium is the Message”, o mais famoso livro de McLuhan). Não vou polemizar, nem entrar muito a fundo nesse debate, pois não é o momento. Mas o pensamento de McLuhan cai como uma luva no filme abaixo.



Como pode, uma criança que mal completou um ano de idade manipular um Iphone com tanta facilidade? O mesmo questionamento serve para outros exemplos. Como pode eu não saber de cor o número de celular da minha namorada? Nem mesmo o meu próprio número (do meu novo celular corporativo)? Como o ser humano passou a depender tão cordatamente dos objetos tecnológicos que nos cercam? E pior, não apenas dependemos deles. Nos fundimos a eles. É exatamente o que McLuhan previa há 40 anos! O celular é nossa memória, nossa voz. A câmera nossos olhos. O carro nossas pernas.

Atualmente ainda conseguimos perceber o mundo entendendo estes artefatos como objetos e instrumentos. Mas e essa criança aí do vídeo? Ela que já nasceu manipulando um Iphone. Ela que já nasceu com YouTube, Orkut, Facebook? Pendrive, PlayStation 3 e E-ticket da Gol? Ela não será capaz de viver sem essa tecnologia. Ela será parte dessa tecnologia. É um novo ser humano. É um andróide sem circuitos internos – ainda.

Passamos por muitas gerações. Babyboomers, Yuppies, Hippies, Generation X, Information Generation, etc. E esta nova geração? O que será desses super-seres? Que grau de competição terei, daqui a 20 anos, contra esse recém nascido? Eu, então com quase cinqüenta anos e ela na flor de sua tecno-idade?

Todos sabemos que crianças aprendem e absorvem informações como uma esponja. Nos tenros anos da primeira idade o ser humano é capaz de aprender numa velocidade enorme. Qual será a velocidade de criação de novas sinapses neurais que esse lindo bebê está desenvolvendo? Eu confesso que já peguei um Iphone, na minha mão, mais de uma vez. Parecia um boboca, com medo de passar o dedo na tela. Com medo de fazer qualquer besteira. E essa menininha? Ela está em casa! É tão natural quanto catucar a orelha ou o nariz. Absolutamente a vontade com o bicho.

É o fim do ser-humano. Eu, você, leitor, todos nós que já estamos com quase três décadas de vida, ficamos pra trás. Fomos pro ralo. O mundo será dos novos seres humanos. Updated. Version 2.0.

Nos restará o sessenta e nove.

4 comentários:

Pablo disse...

Se a coisa ficar insustentável, faremos o que a humanidade faz, sempre que pode: mataremos todos eles com um BALAÇO no meio dos cornos. Esses dedinhos pra iphone não conseguem segurar um trabuco.

Se não der certo, o que nos restará também não é nada mal.

Pablo disse...

P.S.: E você só pode ser retardado, porque não há nada que uma criança de um ano consiga fazer que eu também não consiga. Sou especialmente bom em comer e dormir, inclusive!

Fred disse...

Pega um Iphone e demonstre-me tamanha agilidade. Te pago um Sunsaki...

Pablo disse...

FECHADO!