quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Repúdio!

A moda é demolir. Colocar abaixo. Na Chon!

Pará. Uma adolescente, acusada de crime nenhum, é colocada numa cela masculina, juntamente com mais 34 criminosos. É estuprada repetidas vezes e depois, o próprio delegado geral do Pará a acusa de ser débil mental. O escândalo vem à tona e... solução: Demolir a carceragem!

Bahia. O Estádio Fonte Nova já havia sido condenado há dois anos por órgãos competentes. Avisaram em português não tão claro como o que uso agora, mas a mensagem era a mesma: "essa merda vai cair. Tá um perigo". Pergunta se alguém deu ouvidos. O então governo pintou umas paredes aqui, fez um reboco acolá e deixou por isso mesmo. Foi preciso morrerem 7 pessoas e 30 ficarem feridas para surgir a solução... Demolir o Estádio!
Impressionante como esse é mesmo o país da pós-atividade. Ninguém previne, só remedia, e, sempre, mal remediado.

Estou aguardando o dia em que a solução para o caso de crimes do colarinho branco no Senado, na Câmara, no Gongresso e nas demais instinuições brasileiras seja resolvido com demolição também.
- Aproveitem o centenário do Niemeyer, e dêem mais trabalho ao velho, aproveitando que ele ainda está por aqui. "Ei Niemeyer, vamos implodir Brasília e reconstruir tudo novamente. Estamos, portanto, encomendando ao senhor novos projetos"! Estes, por sua vez, serão mega-faturados (superfaturado é pouco!), e não haverá TCU que dê conta.

Este é o nosso Brasil. Para amenizar esse sentimento de faroeste, surge um factóide ou outro pra nublar a vista dos menos esclarecidos. "Petrobrás descobre reservas (veeeelhas) de petróleo". "Índice da ONU coloca o Brasil no grupo dos países desenvolvidos". De "Belíndia" agora nos apelidam de "Isloa" - Islândia e Serra Leoa.

Isloa é uma ova! Continuo achando tudo mesmo um C*. E é esse o nome que o país tinha que ter. É terra de um povinho Oxiurus, aonde só se faz Merda, e nossos vizinhos bolivianos e venezuelanos são uns Pentelhos!

Eu, Bisão

Conforme informei-os, voltei a malhar há, aproximadamente, 1 mês e meio. Desses 45 dias, 15 fiquei afastado da academia por fatores que só cabem a mim e à minha consciência.
Mas essa não é a questão. O debate é: minha mãe repete, insistentemente, que estou gordo. Gordo! Gordo? Eu!?

Resolvi dar sequência à enquete. Sem ser direto - é claro, com medo de ouvir o que não queria - sondei o assunto com Jailma, a Claude Troisgros que trabalha aqui em casa (e pode, sim, ser a grande vilã da história, com seus pratos fenomenais). Ela foi categórica: "se continuar assim vai ter que ir três vezes por dia à academia". Intimidade é uma merda, pensei eu.
Não bastasse esse tapa no ego, minha mãe completou: "De jeito nenhum! Se ele for três vezes por dia, vai comer igual a um bisão três vezes! Quanto mais malha, mais come!"

Estive no Sul, na casa de minha namorada por 1 semana e ela foi só elogios. Será a distância, a saudade, que cegou-lhe os olhos?

Bem, eu continuo achando que estou é forte. Muito forte. Forte como um bisão!

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Falando em Guaraná...

Já que falamos em Guaraná, vamos analisar um pouco a confusão que essa frutinha causa no mercado hoje em dia.

Guaraná Antarctica e Kuat Guaraná. Qual é, afinal, o original da Amazônia?

O Guaraná Champagne Antarctica está presente nas mesas brasileiras desde 1921. É uma tradição nacional. Desde sua origem ostenta como diferencial ser um refrigerante natural, proveniente da fruta do guaraná da Amazônia.
Seu posicionamento é "Original do Brasil". É este o slogan que vem estampado em sua marca. No entanto, por ser um produto de varejo, já teve diversos outros apostos.
A história do G.A. apoia-se na briga contra as Colas. No passado, este flerte com a proposta não-cola e Original do Brasil produziu campanhas belíssimas, como "Cola tô Fora, Eu Quero É Guaraná" e a premiada "Pipoca e Guaraná, que programa legal". Dois jingles inesquecíveis. Em 1995, por ocasião do lançamento da versão Diet, afirmava que o “O único que conseguiu imitar o sabor do Guaraná Antarctica” era o próprio G. A. Diet. E isto, mesmo antes do surgimento de Kuat...


Até então tudo bem. Mas, apesar da demora, finalmente a Coca Cola percebeu que Guaraná não era apenas um produto concorrente da Coca. Era uma Categoria. E veio o contra-ataque. Kuat foi lançado em 1997. Para surpresa da Antarctica o soco foi um direto no queixo. Um assalto ao posicionamento do Guaraná Antarctica. Kuat baseava toda sua linha gráfica, seu discurso e sua proposta na mesma pedra fundamental da Antarctica, só que com mais ênfase. Kuat, o guaraná da Amazônia. O próprio nome Kuat, vem do tupi-guarani, e significa “irmão gêmeo da Lua”. Era a Brasilidade exaltada.

Dar uma rasteira num produto que há mais de 80 anos está na mesa do Brasil não é fácil. Tem que comer pelas beiradas. Sendo assim, o primeiro slogan era “beba novos ares”. Uma proposta. Um convite ao consumidor. Em seguida, Kuat foi mais ousado, “abra a kbça. Guaraná é Kuat”. A briga pela frutinha amazônica estava quente. O Guaraná Antarctica, acostumado a brigar com as colas, foi pego no contra-pé. E demorou pra reagir.

A reação veio sem muita (ou nenhuma) criatividade. “Guaraná Antarctica. Ninguém Faz Igual”, e mesmo o atual “É o que é”, procuram resgatar o posicionamento perdido. Afirmar que Antarctica é o original e primeiro refrigerante 100% nacional da Amazônia. Por não levantar essa bandeira com afinco, o G.A. abriu espaço para o crescimento do posicionamento do Kuat, que, estrategicamente, roubou-o do Antarctica.

Marcas de varejo seguidamente perdem o seu foco, deixam fraquejar seu posicionamento, uma vez que sua comunicação muitas vezes volta-se para o lançamento de novos produtos para a linha (versões diet, zero açúcar, ice, zon, com laranja, etc.) ou de promoções que oferecem prêmios e interatividade com o público. Tanto Antarctica quanto Kuat atiram no mesmo alvo. Adolescentes e jovens. E, sendo assim, sua comunicação é jovial, linguagem "MTV", e aposta em argumentos de sedução que permeiam o universo dos jovens, como música, esportes radicais, e a curtição de ficar e beijar em festas. Por exemplo, além de patrocinar por anos a seleção brasileira de futebol, o Antarctica lançou este ano o "GAS – Guaraná Antarctica Street Festival". Um evento com música, esportes radicais e cultura de rua. Também veiculou exaustivamente o “Desafio GA”, um quizz interativo em que apresentava desafios escondidos em peças publicitárias e em seu Hot Site (www.desafioga.com.br).

Por sua vez, Kuat decidiu investir no clima de azaração e no hábito de ficar, presente no universo jovem. A campanha “Este Sabor Apaixona” contou com a promoção “Kuat dá Mole Pra Você”, na qual eram distribuídos vários prêmios, e o Hot Site Beijação Kuat” (http://www.beijacaokuat.com.br/), que aproveitava ao máximo esse espírito.

Em meio a esta enxurrada de mensagens – “Gela a Goela”, “Dá Mole Pra Você”, “Original do Brasil”, “O Guaraná da Amazônia”, “É O Que É”, “Abra a kbça”, etc., o que paira no ar é uma grande nuvem de desposicionamento. Afinal, qual o guaraná original da Amazônia?

Marcas de produtos de varejo devem estar sempre alertas a “síndrome do produto”. Esquecem-se da marca, do brand, e da bandeira que ostentam e focam seus esforços no lançamento de ampliações de linha e em promoções arrasa-quarteirão. É certo que devem inovar com campanhas surpreendentes e que aproveitem as oscilações do mercado, entretanto jamais devem deixar de lado o investimento em forjar a ferro a marca na mente dos consumidores com uma mensagem coesa e simples. Afinal, correm o risco de serem mais um borrifo de vapor nesta névoa de mensagens.

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Cola, Tô Fora, Eu Quero É Guaraná.

"Posicionamento: A Batalha Pela Sua Mente". De Al Ries e Jack Trout.
Este foi o primeiro livro que li na faculdade de Publicidade, há quase 10 anos atrás. Só não foi o primeiro conteúdo por que, dias antes, havia lido "Miopia em Marketing", de Theodore Levitt. Ainda guardo as duas fotocópias velhas e enrugadas pelo tempo e pelo uso em meus alfarrábios. Ambos, textos fenomenais.

(Como sou um cara que enxerga as coisas por ângulos diferentes, me ocorreu um pensamento: se "pau que nasce torto nunca se endireita", pau que nasce certo não entorta. Correto? Pois bem. Já que comecei minha vida acadêmica com dois títulos tão importantes e reconhecidos em seus assuntos, estou mesmo fadado ao sucesso. Prefiro pensar assim.)

O livro "Posicionamento: A Batalha Pela Sua Mente" é fruto do desenvolvimento de uma série de artigos, dos mesmos autores, publicados em 1972, na revista Advertising Age. O conceito alcançou aceitação tamanha que em pouco tempo havia entrado para o Hall of Fame da história da propaganda. Mas não foi só no âmbito da teoria que ele fincou-se. O posicionamento influenciou inúmeras campanhas de sucesso ao longo dos anos e, até hoje, continua a ser um dos mais importantes conceitos de propaganda.
Definitivamente, não vou atê-los por horas lendo pequenas letras brancas sob fundo preto. Seria sacanagem, sei bem. Logo, pouparei-os da dor de cabeça e serei breve. Resumirei a história dessa vez, indo mais diretamente à prática. Uma ressalva. A edição brasileira do livro tem mais de 160 páginas dedicadas a elucidar o conceito. Se vocês não o compreenderem pelos parágrafos abaixo, deixem de ser preguiçosos e vão ao livro!

...

Quantas vezes ouvimos dizer que certo problema ocorreu devido a uma falha na comunicação? Desculpa recorrente, hein? Pois bem, Ries e Trout tem uma visão particular sobre este assunto. Segundo os mesmos, o grande problema atual é A comunicação. Ou melhor, a quantidade de comunicação. Atualmente, uma pessoa comum é bombardeada por uma quantidade tamanha de impulsos publicitários que é praticamente impossível atingi-la eficazmente. Independente da quantidade de grana gasta. Os meios estão sobrecarregados. As pessoas então, nem se fala. O BUZZ é enorme. No meio de tanta névoa, a sua mensagem é mais um borrifo de vapor d'água. "Ué, e aí?! Como é que faz?"

Think Small. And Sharp.

Com tanta comunicação, tantas marcas, tantas propostas, tantos "eu sou o melhor", "eu sou o maior", "todos preferem a mim", anunciantes estão jogando caminhões de dinheiro fora sem resultados reais. Pois bem, vamos à solução. Não estamos mais na era dos superlativos. Estamos na era dos comparativos. E, se a mente humana compara, ela escolhe. Escolhe e guarda. Seja o primeiro na mente do consumidor. Seja o escolhido.

O caminho mais rápido para o sucesso de uma marca é ser a primeira na cabeça das pessoas. A IBM não inventou o computador, mas quando você pensa computador, pensa IBM. Ela posicionou o computador. Américo Vespúcio não descobriu a América. Foi Colombo, como sabemos. Mas Américo Vespúcio posicionou a América na cabeça dos Europeus. O Novo Mundo foi batizado sob seu nome, já Colombo, terminou sua vida preso...

Mas, o que fazer se o primeiro já está lá? Crie uma nova categoria em que você possa ser o primeiro. Posicionamento é uma estratégia. E, como o Marketing é uma Guerra, estratégia é fundamental. Se temos um refrigerante que não é Cola Cola, e temos este gigante pela frente, como batalhar? Posicione-se. "Seven Up, the UnCola" (ou o jingle que até hoje me pego cantando "cola, tô fora, eu quero é guaraná!"). Se somos uma locadora de veículos e não somos a Hertz, como batalhamos? "Avis, Only The Number 2. Come With Us: We Try Harder". Descubra um nicho ainda não ocupado na mente dos consumidores e ocupe-o. Depois, preocupe-se em fazê-lo crescer. A regra é: stand for something! Erga uma bandeira. Posicione-se!

E como isso se traduz na mensagem? Simples. Segundo os autores, a única maneira de se obter sucesso ao promover uma marca, produto ou serviço, é lapidando-a, feito um artesão, e dotando-a do maior potencial de penetração possível na mente dos consumidores.
E o que é uma mensagem lapidada? Uma mensagem SIMPLES.

A mente dos consumidores já está cheia. Mas, com sucesso você percebe um nicho aberto. Um espaço que pode ocupar e lá, reinar em absoluto no primeiro lugar. Como chegar a esse nicho? Posicione-se, lapide a mensagem e acerte o alvo.

Com uma mensagem clara e simples daquilo que a sua marca representa é possível fazer com que a mente dos seus potenciais consumidores guardem a sua marca. Assim, quando eles necessitarem daquela categoria de produto em quem eles pensarão? Em você!
O mercado está cheio de exemplos. Qual o banco completo? Bradesco (Completo). E qual o banco que foi feito pra você? Itaú. E qual a bebida que te dá asas? Red Bull. E a que desce redondo? Skol. Percebe? O slogan é a materialização do posicionamento. Qual o carro mais seguro para se dirigir? Volvo - "car for life". E assim constroem-se as marcas. As reputações. As experiências de consumo. As gestalts. Em torno do posicionamento.


Resumindo, nas palavras dos mestres: "Posicionamento é o que você faz na mente do cliente em perspectiva. Você posiciona o produto na mente do comprador potencial".

A estratégia do posicionamento pode ser aplicada às mais diversas situações. Um produto, um serviço, um candidato, um destino turístico, um país, um profissional, uma pessoa...
"Um profissional? Uma pessoa? Como assim?"
Sim. Quer um exemplo?

Fred. Cara-de-pau, sem vergonha e inconsequente. Porém, feliz.

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Experiência é Tudo

Eu andei falando coisas meio sem sentido, perceberam?
Falei em ida pra São Paulo. Falei de publicitários, meus pares. Falei em JWT...
Mas o que raios está acontecendo?

Ok, vamos tentar explicar sem entregar o ouro. Afinal, o desafio mesmo é participar do "No Limite" sem estragar o Waru. Eu diria, sem apagar a sua chama.

Sabe quando você procura novos rumos? Nova direção pra sua carreira? Ou melhor, quando você procura voltar para a direção com a qual mais se identifica. Aquela que sempre considerou a correta, mas que por "n" motivos terminou por não trilhar esse rumo. Pois é. É disso que eu to falando. E é aí que entra a JWT.

Mas, por que a JWT?
Mais ou menos assim: numa festa, você mira uma mulher, e todas as outras, repentinamente, se apagam. Alguns podem dizer, "ah, claro, era a única que tava dando mole". Não. Nem é bem assim. Tem algumas outras dando condição. "Ahh, então é a mais gatona!". É, é beeem gatona. Mas tem outras tão bonitas quanto. Logo, não é por isso. "Ué, entao por que ela? Ela vai pagar sua conta? Arrumou uma coroa rica, hein!". Também não. Pelo contrário. A grana será curta. "Po, aí não entendi mais nada!". É por que você tem visão curta, gafanhoto. Ou míope. Deixa o papai explicar: de toda a festinha, a JWT é a mais experiente. Mulher experiente é tudo.

A propaganda nasceu nos EUA. Bem, não nasceu não, é coisa muito mais antiga. Já existia nas tabuletas de Roma, e tomou corpo através da iniciativa da Igreja Católica em expandir a sua fé e ampliar a base de fiéis. Foi a Congregatio de Propaganda Fide, idealizada pelo papa Gregório XV, em 1622. Depois ainda, muita gente fez uso de publicidade e propaganda, para expandir e divulgar ideais. Na verdade angariar defensores de suas idéias. Asseclas. "Followers". Hitler, e sua propaganda nazista, foi um exemplo de comunicação. Usada para o mal, é claro, mas um exemplo de convencimento. Enfim, dá pra dizer que desde que o mundo é mundo já tinha alguém querendo convencer um outro alguém de algo. Ou de comprar algo. Só que toda essa atividade foi encarada como negócio, business mesmo, nos EUA. E isso lá na segunda metade do século XIX. Nessa época, veículo de comunicação em massa era jornal. E ponto. E jornal, além de conter notícias, tinha anúncios. E quem negociava estes espaços publicitários eram os "brokers". O tempo passou, e as pessoas que lidavam neste meio organizaram-se. Os veículos perceberam que poderiam ganhar grana de verdade vendendo espaço em suas páginas para a inserção de anúncios publicitários. E é aí que entra a nossa dama experiente - a JWT.

Em 1864, um sujeito chamado William James Carlton, criou sua agência. Esta, depois veio a se chamar J. Walter Thompson - JWT. Perceberam a data? Repito: 1864. Amigão, o seu tataravô não sonhava em nascer e essa dama aí já ditava as regras lá nos States. Dava aula de propaganda. É ou não é uma mulher experiente? E experiência não se compra, não se aluga, não se empresta. Se adquire. Com tempo.

Não bastasse a experiência, a Thompson expandiu-se por todo o mundo, ganhando escritórios e estruturas em países de culturas diferentes e exóticas. E isso somou mais experiência ao caldo. Sendo assim, nada como aprender uma matéria com o criador - o Mestre. Se você é físico, uma pena Einstein já ter morrido. Se você é psicólogo, uma pena Freud já ter morrido. Eu sou publicitário, e a JWT tá viva e a todo vapor. Alive n´Kickin´! Preciso dizer mais?

Certo, mas dentro de uma agência tem muitas áreas. Tem Criação, tem Mídia, Atendimento, umas continuam tendo o Tráfego, outras tem Pesquisa e algumas têm Planejamento. "Algumas" eu disse? É algumas. Não são todas, por incrível que pareça. Outra coisa simples de explicar. Tem gente que acha que propaganda é coisa só de criação, sabe. É arte. Assim como se compõe uma música, se pinta um quadro, se cria um anúncio eficaz. Tremendo engano. Como diria Orígenes Lessa, "propaganda é merda". Não no sentido de coisa ruim, mas sim de coisa banal, corriqueira. Pra vender para o Seu José o único segredo é pensar como Seu José e estar aonde o Seu José vai. Só que essa fórmula simples é a grande dificuldade. É o segredo.

Propaganda é um braço do Marketing. Um instrumento. Poderosíssimo, mas ainda um instrumento. É a pontinha do iceberg. E, como todos sabemos, 90% da massa do iceberg fica debaixo d´água. Então, malandro, é muita ingenuidade não pegar seu snorkelzinho, prender o fôlego e ir lá embaixo, conhecer o blocão de gelo todo.

Não dá pra dissociar a propaganda do marketing. Ou, melhor, dá. Mas dá Merda quando se faz. A agência tem que criar com a cabeça nas nuvens, mas com o pé no chão. E o chão é o mercado. Agencia que não tem, ou não faz planejamento, não tem marketing na veia. Não respira marketing. Faz propaganda achando que é arte. Esquece-se do mestre Orígenes Lessa. E aí, a peça pode ser linda, mas ela nao resolve problema algum. Não vende. Então, malandro, a palavra de ordem é Planejamento. "Planning". E, mais uma vez, a dama experiente dá aula. Ela criou o planejamento. É mestre em construir marcas. Em colar emoções a produtos. Em Posicionar marcas e ganhar mentes. Eu disse ganhar mentes? Não é a mesma ladainha da história da Igreja Católica, lá atrás!? Isso. Agora você entendeu tudo.

Falaremos mais sobre esse tal posicionamento...

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Dutch Black

Percebi agora que, talvez, Dutch Black não seja conhecido por vocês. Ao menos não pelo seu nome de batismo. A bem da realidade, seu nome é Dutch Black Segundo. Nomeado “after” Dutch Black. O original.

O hábito de nomear carros já vem de algum tempo. Tudo começou com Billy Grape. Billy era um gol bolinha, mais pelado impossível, de propriedade de Mark Flo. Na época – idos de 2000 – Mark Flo me dava carona para irmos à empresa em que estagiávamos e também para festinhas, praia, churrascos e afins. Billy era pau pra toda obra. Espartano, mas infalível. Só tinha um porém... Billy era roxo. E roxo claro. Sim, ridículo. Por isso Billy Grape.

Mark Flo mudou-se para São Paulo, tornou-se executivo da Ford e, sendo assim, não poderia dirigir um Volks. Billy então, patrimônio da família Bouhid, passou para Dudu, irmão mais moço de Mark Flo. Transição complicada. Coisa que junta irmãos e numerário sempre dá merda. Quase sobrou pra mim, já que me julgaram culpado pelo buraco que havia no banco do carona, resultado de uma gimba de cigarro saliente. E eu nem fumo. Mas bebo. E costumo me esquecer de certas coisas.

Dudu então herdou Billy. Já muito abatido e abusado pelos anos. Ainda assim o golzinho nos serviu bem. Mais a Dudu do que a mim. Neste período veio a namoradinha de Billy. Mary Grape. Mary era uma fiat uno de Deborah. Cor vinho, evidentemente. Mary e Billy tinham tudo a ver.
Mary sofria muito por causa da pouca experiência de Deborah ao volante. Mas, como Deborah aprende rápido, logo Mary deixou de freqüentar a UTI.

Eu já havia sido proprietário de alguns carros. Todos indigentes, exceto Phil Mata Cone, um Peugeot 106 Quiksilver. Não, vocês não leram errado. Era um 106 e não um 206. Era pequeno, motor arfante e tinha pinta de playboy. Mas só pinta. Só maquiagem. Mas ainda sim era o MEU Phil Mata Cone. Phil ganhou esse apelido por que certa madrugada atropelou um cone na ponte Rio-Niterói e lançou-o ao mar. Do vão central. Uns 40 metros de queda. O cone tava marcando bobeira e Phil foi implacável. Entretanto, tirando essa façanha, Phil não foi um carro de grandes feitos. A não ser, é claro, ser parte do pagamento pelo grande e único Mitch Buccanon.

Mitch era um Honda Civic. Minha extravagância em 2003. Mitch era cinza chumbo, com rodas de liga leve e insulfilm escuro. Mitch não era um carro, era uma viatura. E, com essa postura, precisava de um nome forte. Mitch Buccanon. Perfeito. Mitch levou-nos a muitos lugares. Pegamos muita estrada juntos. Carnavais, Reveillons, feriadões, tudo era motivo para sentar a pua. Bons tempos. Ótimos tempos.

Mas ai então veio a proposta de transferência para o Rio Grande do Sul. Coisa de promoção e tal. Papo de posição com benefícios como carro da empresa, entre outros. Convite aceito, me coube a dor de vender Mitch. Eu não queria vendê-lo. Nao. De jeito nenhum. Mas não tinha motivo para manter os custos do possante. Foi dolorido, mas Mitch seguiu seu caminho triunfante sem mim. E eu o meu, não tão triunfante, sem ele.

Então veio o gol preto zerinho da Companhia. Mas, como não era meu, eu não nutria sequer uma gota de afeto pelo bicho. E por isso ele não tinha nome. O gol viu tantas coisas, tantas histórias, que é uma testemunha ocular perigosíssima na minha vida. Tentei matá-lo por duas vezes e não consegui. Logo, dele paro de falar aqui.

Ocorre que, enquanto eu ainda chorava a separação com Mitch e não conseguia amolecer meu coração empedrado pelo gol-preto-da-cia, Dudu me deu um golpe e apareceu com um belo Fiesta Preto completo. Zero. 1.6, flex. Tramóia dele e de Marc Flo, que havia lançado mão de sua privilegiada posição na Ford para facilitar as coisas para Dudu. E assim nascia Dutch Black. Nunca vi Dudu tão faceiro. Fizemos uma Rio-Sampa para irmos ao show do U2 nos primeiros meses de vida de Dutch. Foi seu batismo de fogo. E ele correspondeu à altura. Depois, foi nosso transporte no carnaval 2006, em que eu havia ganhado um esquema no Camarote da Brahma, na Sapucaí. Como eu estava carente de um contato afetivo com veículos, já que o gol não era um bom galanteador e nunca ganhou meu carinho, adotei Dutch como afilhado.

Dois anos e meio se passaram, volto ao Rio. Dias atuais. Dudu desfez-se de Dutch, também com o coração na mão. Assim como eu, Dudu havia ganhado um carro da empresa. Que, evidentemente, não tem nome.
Ficamos eu e Dudu sem falar em carros. Nao havia graça no papo. Não havia a quem exaltar. Nem Mitch, nem Dutch, nem nada. Dirigíamos carros indigentes. Sem brilho. Não eram nossos.

Quando cheguei enamorei-me por um Suzuki Jimny. Enamorei-me tanto que fui ao ponto de nomeá-lo. Steady Moe. Quando tudo parecia perfeito, nova facada. O negócio desandou e nosso relacionamento terminou sem ter começado.

Há alguns meses adquiro um Fiesta Preto. Novinho em folha. Completasso. Só não é igual a Dutch por que é ainda melhor. Tem retrovisores elétricos, coisa que Dutch pai não tinha. Foi a redenção. Enterramos nosso sentimento de vazio e deixamos Dutch Black Segundo sentar em seu trono. Vive limpo, cheiroso, e na garagem. Protegido dos maus agouros dos meus amigos aziagos. E daonde ele somente sairá quando eu mudar-me daqui e for trabalhar na JWT, em Sampa.

Aziagos, temei! Vocês não tão mexendo somente comigo. Tão mexendo com Dutch Black. The Second.

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Em busca dos meus Pares

Chegaram a perceber o quão conciso eu fui ao mencionar que o meu notebook 8X2 quebrou? Fui quase fleumático, falei no assunto sem temperar nem mesmo com um décimo da indignação cabível ao fato. Tem motivo. Havia decidido não comentar mais sobre os acontecimentos, digamos, desfavoráveis que estão se sucedendo ultimamente. Mas não teve jeito. Esse negócio da lei da atração é mesmo a maior bobagem. Não mencionar, não falar, nem mesmo pensar em coisa ruim não deu jeito. Elas continuam a acontecer. Só rindo mesmo.

Querem saber a última? A última de verdade? Aconteceu assim: fomos comer um japonês. Ou melhor, comida japonesa. Passamos fartas horas à mesa. Empapuçando-nos. Até aí, ótimo. As discussões e debates à mesa foram tão quentes que conseguimos tirar Pablo do sério. O que tornou a noite ainda melhor. Por fim, arrotando peixe, fomos embora.
Eu havia deixado o carro num estacionamento próximo. Em perfeito estado, claro. 2 dias após sair da oficina. 2 dias. (Lembram-se do episódio do bêbado que havia batido na minha traseira, não é mesmo? Mentira, não lembram não. Pois o bêbado bateu foi na traseira do meu carro. No meu traseiro neguinho não bate assim não.)
Bem, 2 dias após sair da lanternagem Dutch Black estava tinindo. Beleza, estacionamento pago, entro em Dutch, dou aquela conferida na marcha pra checar o ponto morto antes de virar a chave e... ué... essa marcha tá mole. Resumindo: carro parado. Caixa de marcha, sabe-se lá como, quebrada. Não na minha mão. Na mão do manobrista, que, óbvio, já tinha ido embora.

Discute. Espera o gerente. Discute. Espera ele ligar pro dono. Discute mais. Nada. Nada. Nada. Hoje. Sexta. Quase uma semana depois, fui buscar Dutch Black na oficina. Ah, pelo menos eles pagaram, afirmam vocês. Não. Rachamos. Meio a meio. Mas o meu meio ainda foi maior. Não vou me alongar e explicar o por que eles não pagaram. Entra no meio até recall da Ford. Deixa pra lá. No final, até acho que tive sorte de ter sido na mão do sujeito e não na minha. De outra forma, o prejú seria integralmente meu.

Aí, fiquei pensando, é claro que coisas desagradáveis seguem acontecendo. Ainda não mudei meu circulo de amizades. São todos aziagos e descarregam seu azar sobre mim, cacetes voadores! Eu vou é me mudar pra São Paulo e ter um monte de amigos publicitários, que trabalham noites adentro, comem pizza fria sobre seus teclados e levam esporro até do boy. Como publicitário é tudo um bando de ferrado, eu vou estar entre os meus pares.

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Momento Solene

Convivas, Atenção!

A partir deste momento o Waru está sob escrutínio corporativo. Explico: ele - ou melhor, eu - está participando de uma espécie de "No Limite". O último que sobrar ganha um prêmio, digamos assim.

E não é só por isso que se trata de um momento solene. Há alguns dias o Waru completou 6 meses de vida. 180 dias de muita perda de tempo.

Estão, pois, todos convidados para a festa em comemoração aos cumpleaños do periódico. Aqui mesmo, no blog. A cerveja fica logo ali a direita, debaixo do Jack Bauer.

A apresentação do seu ticket é obrigatória. Não tente dar uma de malandro. De bobo só tenho a cara e o jeito de andar. No Waru você não penetra!

Sem Título

É tamanha minha tristeza com esse país que nem vou intitular este post.

Chamusca 1: Neste domingo, enquanto lia o jornal – costume que não nutro – ouvia a O Fantástico, justo no momento do quadro “É Muita História”, com Eduardo Bueno – historiador de quem gosto muito. Não assistia, reforço, ouvia. Nesta audiência desleixada, uma frase do Eduardo Bueno me chamou a atenção. “A preguiça gigante bem que poderia ser o bicho símbolo do Brasil”.
Curioso, não sei por que, mas me soou tão lúcida essa afirmação....

Chamusca 2: É. Ele se superou. Lula comparou o caudilho venezuelano Chávez a Margareth Thatcher e a Helmut Kohl, ambos primeiro-ministros de Inglaterra e Alemanha, respectivamente, que permaneceram muitos anos no poder. Frisa-se, nestes casos, por instrumentos perfeitamente condizentes dentro da mecânica parlamentarista democrática. Já no caso de El Chavo...
Será que o molusco não percebe essa diferença?

Chamusca 3: Por fim, o molusco disse, esse dias, que a falta de gás para abastecer a frota nacional de carros movidos a GNV – fruto de falta de gás geral, que, quando escasso, a prioridade é de termelétricas, não carros – é um “probleminha”.
Probleminha? Bem, vamos fazer uma divagação sobre esse “calinho no pé”. O Brasil depende do gás que a Bolívia produz e manda pra cá pelo gasoduto. Logo, a suficiência do mercado brasileiro é dependente do Índio Morales. O mesmo que encampou as propriedades da Petrobrás na Bolívia, quando assumiu o poder. Naquela época, Lula disse que “nada mais justo um país pobre como a Bolívia lutar pelas suas riquezas”, esquecendo-se de que ele está do lado brasileiro do tabuleiro, não boliviano. É, Lula tem um probleminha com o Gás. Nós, um problemão na presidência.

domingo, 4 de novembro de 2007

Catrambucha

Temos um ritual. Ele estava meio esquecido, largado de lado, em virtude das dificuldades de reunirmos todos da confraria para que pudéssemos praticá-lo devidamente. Mas, nesta última sexta-feira a noite, mesmo na falta de membros importantíssimos, o realizamos. Jogamos Leréia na casa de Bolinha até tarde.

Impressionante a capacidade que este jogo tem de enriquecer nossos vocabulários erroneamente. Eu, pelo menos, só guardo as definições e significados errados. Mas, por isso mesmo, é muito divertido.

Ou algum de vocês duvidaria - sem consultas ao dicionário - que:
Cachetar é bilhetar, verbo proveniente do italiano. Já que cacheta é bilhete neste idioma. Ou seja ato de cobrar o bilhete nos trens, metrôs e bondes da vida.

E belisquete? Sinônimo óbvio de cutícula. "A manicure fez bem a unha mas esqueceu-se de tirar esse belisquete aqui".

E as girândulas? Bom, essas podem ser duas coisas: os gomos do casco da tartaruga; ou, as bolas de metal do interior do chocalho. Claro.

O que dizer de convescote? Convescote seria uma repreensão sútil, daquelas aplicadas pelas madrastas aos enteados, nos romances de Machado de Assis. "E, discretamente, Dona Rosa aplicou um convescote em Firmino, menino muito levado".

Pois bem, todas as definições acima não fazem o menor sentido e são, tão somente, fruto de nossa fértil imaginação. E aí está a beleza do joguinho de mesa. Bom pra noites chuvosas. Desta vez faltou o charme das definições de Pedro. Somente ele era capaz de sintetizar todo o imaginário que uma palavra desconhecida faz borbulhar na mente em apenas um sinônimo. Simples assim. Pinguim, por exemplo.

Pena que, desta vez, fiquei na catrambucha...

sábado, 3 de novembro de 2007

Unamuno, Óh Mestre

Esse negócio de alimentar as indignações alheias é muito legal. Portanto, vou continuar a colocar graveto nesse braseiro.

Essa é sobre humildade. Uma historinha que conta o seguinte:

Miguel de Unamuno - filósofo - foi agraciado com a honra de receber o Colar de Santiago da Espanha, pelas mãos do Rei Afonso XIII. Nesta ocasião, ele disse ao rei:
- "Agradeço a honraria que Vossa Majestade acaba de me conceder... e, na verdade, a mereço".
Ao que Dom Rei comentou com espanto:
- "É curioso, mas todos aqueles a quem tenho agraciado dizem sempre que não merecem essa distinção...".
Unamuno nem pensou e rebateu:
- "Eles têm razão, Majestade...".

MEEEEEESTRE!!!!!