Percebi agora que, talvez, Dutch Black não seja conhecido por vocês. Ao menos não pelo seu nome de batismo. A bem da realidade, seu nome é Dutch Black Segundo. Nomeado “after” Dutch Black. O original.
O hábito de nomear carros já vem de algum tempo. Tudo começou com Billy Grape. Billy era um gol bolinha, mais pelado impossível, de propriedade de Mark Flo. Na época – idos de 2000 – Mark Flo me dava carona para irmos à empresa em que estagiávamos e também para festinhas, praia, churrascos e afins. Billy era pau pra toda obra. Espartano, mas infalível. Só tinha um porém... Billy era roxo. E roxo claro. Sim, ridículo. Por isso Billy Grape.
Mark Flo mudou-se para São Paulo, tornou-se executivo da Ford e, sendo assim, não poderia dirigir um Volks. Billy então, patrimônio da família Bouhid, passou para Dudu, irmão mais moço de Mark Flo. Transição complicada. Coisa que junta irmãos e numerário sempre dá merda. Quase sobrou pra mim, já que me julgaram culpado pelo buraco que havia no banco do carona, resultado de uma gimba de cigarro saliente. E eu nem fumo. Mas bebo. E costumo me esquecer de certas coisas.
Dudu então herdou Billy. Já muito abatido e abusado pelos anos. Ainda assim o golzinho nos serviu bem. Mais a Dudu do que a mim. Neste período veio a namoradinha de Billy. Mary Grape. Mary era uma fiat uno de Deborah. Cor vinho, evidentemente. Mary e Billy tinham tudo a ver.
Mary sofria muito por causa da pouca experiência de Deborah ao volante. Mas, como Deborah aprende rápido, logo Mary deixou de freqüentar a UTI.
Eu já havia sido proprietário de alguns carros. Todos indigentes, exceto Phil Mata Cone, um Peugeot 106 Quiksilver. Não, vocês não leram errado. Era um 106 e não um 206. Era pequeno, motor arfante e tinha pinta de playboy. Mas só pinta. Só maquiagem. Mas ainda sim era o MEU Phil Mata Cone. Phil ganhou esse apelido por que certa madrugada atropelou um cone na ponte Rio-Niterói e lançou-o ao mar. Do vão central. Uns 40 metros de queda. O cone tava marcando bobeira e Phil foi implacável. Entretanto, tirando essa façanha, Phil não foi um carro de grandes feitos. A não ser, é claro, ser parte do pagamento pelo grande e único Mitch Buccanon.
Mitch era um Honda Civic. Minha extravagância em 2003. Mitch era cinza chumbo, com rodas de liga leve e insulfilm escuro. Mitch não era um carro, era uma viatura. E, com essa postura, precisava de um nome forte. Mitch Buccanon. Perfeito. Mitch levou-nos a muitos lugares. Pegamos muita estrada juntos. Carnavais, Reveillons, feriadões, tudo era motivo para sentar a pua. Bons tempos. Ótimos tempos.
Mas ai então veio a proposta de transferência para o Rio Grande do Sul. Coisa de promoção e tal. Papo de posição com benefícios como carro da empresa, entre outros. Convite aceito, me coube a dor de vender Mitch. Eu não queria vendê-lo. Nao. De jeito nenhum. Mas não tinha motivo para manter os custos do possante. Foi dolorido, mas Mitch seguiu seu caminho triunfante sem mim. E eu o meu, não tão triunfante, sem ele.
Então veio o gol preto zerinho da Companhia. Mas, como não era meu, eu não nutria sequer uma gota de afeto pelo bicho. E por isso ele não tinha nome. O gol viu tantas coisas, tantas histórias, que é uma testemunha ocular perigosíssima na minha vida. Tentei matá-lo por duas vezes e não consegui. Logo, dele paro de falar aqui.
Ocorre que, enquanto eu ainda chorava a separação com Mitch e não conseguia amolecer meu coração empedrado pelo gol-preto-da-cia, Dudu me deu um golpe e apareceu com um belo Fiesta Preto completo. Zero. 1.6, flex. Tramóia dele e de Marc Flo, que havia lançado mão de sua privilegiada posição na Ford para facilitar as coisas para Dudu. E assim nascia Dutch Black. Nunca vi Dudu tão faceiro. Fizemos uma Rio-Sampa para irmos ao show do U2 nos primeiros meses de vida de Dutch. Foi seu batismo de fogo. E ele correspondeu à altura. Depois, foi nosso transporte no carnaval 2006, em que eu havia ganhado um esquema no Camarote da Brahma, na Sapucaí. Como eu estava carente de um contato afetivo com veículos, já que o gol não era um bom galanteador e nunca ganhou meu carinho, adotei Dutch como afilhado.
Dois anos e meio se passaram, volto ao Rio. Dias atuais. Dudu desfez-se de Dutch, também com o coração na mão. Assim como eu, Dudu havia ganhado um carro da empresa. Que, evidentemente, não tem nome.
Ficamos eu e Dudu sem falar em carros. Nao havia graça no papo. Não havia a quem exaltar. Nem Mitch, nem Dutch, nem nada. Dirigíamos carros indigentes. Sem brilho. Não eram nossos.
O hábito de nomear carros já vem de algum tempo. Tudo começou com Billy Grape. Billy era um gol bolinha, mais pelado impossível, de propriedade de Mark Flo. Na época – idos de 2000 – Mark Flo me dava carona para irmos à empresa em que estagiávamos e também para festinhas, praia, churrascos e afins. Billy era pau pra toda obra. Espartano, mas infalível. Só tinha um porém... Billy era roxo. E roxo claro. Sim, ridículo. Por isso Billy Grape.
Mark Flo mudou-se para São Paulo, tornou-se executivo da Ford e, sendo assim, não poderia dirigir um Volks. Billy então, patrimônio da família Bouhid, passou para Dudu, irmão mais moço de Mark Flo. Transição complicada. Coisa que junta irmãos e numerário sempre dá merda. Quase sobrou pra mim, já que me julgaram culpado pelo buraco que havia no banco do carona, resultado de uma gimba de cigarro saliente. E eu nem fumo. Mas bebo. E costumo me esquecer de certas coisas.
Dudu então herdou Billy. Já muito abatido e abusado pelos anos. Ainda assim o golzinho nos serviu bem. Mais a Dudu do que a mim. Neste período veio a namoradinha de Billy. Mary Grape. Mary era uma fiat uno de Deborah. Cor vinho, evidentemente. Mary e Billy tinham tudo a ver.
Mary sofria muito por causa da pouca experiência de Deborah ao volante. Mas, como Deborah aprende rápido, logo Mary deixou de freqüentar a UTI.
Eu já havia sido proprietário de alguns carros. Todos indigentes, exceto Phil Mata Cone, um Peugeot 106 Quiksilver. Não, vocês não leram errado. Era um 106 e não um 206. Era pequeno, motor arfante e tinha pinta de playboy. Mas só pinta. Só maquiagem. Mas ainda sim era o MEU Phil Mata Cone. Phil ganhou esse apelido por que certa madrugada atropelou um cone na ponte Rio-Niterói e lançou-o ao mar. Do vão central. Uns 40 metros de queda. O cone tava marcando bobeira e Phil foi implacável. Entretanto, tirando essa façanha, Phil não foi um carro de grandes feitos. A não ser, é claro, ser parte do pagamento pelo grande e único Mitch Buccanon.
Mitch era um Honda Civic. Minha extravagância em 2003. Mitch era cinza chumbo, com rodas de liga leve e insulfilm escuro. Mitch não era um carro, era uma viatura. E, com essa postura, precisava de um nome forte. Mitch Buccanon. Perfeito. Mitch levou-nos a muitos lugares. Pegamos muita estrada juntos. Carnavais, Reveillons, feriadões, tudo era motivo para sentar a pua. Bons tempos. Ótimos tempos.
Mas ai então veio a proposta de transferência para o Rio Grande do Sul. Coisa de promoção e tal. Papo de posição com benefícios como carro da empresa, entre outros. Convite aceito, me coube a dor de vender Mitch. Eu não queria vendê-lo. Nao. De jeito nenhum. Mas não tinha motivo para manter os custos do possante. Foi dolorido, mas Mitch seguiu seu caminho triunfante sem mim. E eu o meu, não tão triunfante, sem ele.
Então veio o gol preto zerinho da Companhia. Mas, como não era meu, eu não nutria sequer uma gota de afeto pelo bicho. E por isso ele não tinha nome. O gol viu tantas coisas, tantas histórias, que é uma testemunha ocular perigosíssima na minha vida. Tentei matá-lo por duas vezes e não consegui. Logo, dele paro de falar aqui.
Ocorre que, enquanto eu ainda chorava a separação com Mitch e não conseguia amolecer meu coração empedrado pelo gol-preto-da-cia, Dudu me deu um golpe e apareceu com um belo Fiesta Preto completo. Zero. 1.6, flex. Tramóia dele e de Marc Flo, que havia lançado mão de sua privilegiada posição na Ford para facilitar as coisas para Dudu. E assim nascia Dutch Black. Nunca vi Dudu tão faceiro. Fizemos uma Rio-Sampa para irmos ao show do U2 nos primeiros meses de vida de Dutch. Foi seu batismo de fogo. E ele correspondeu à altura. Depois, foi nosso transporte no carnaval 2006, em que eu havia ganhado um esquema no Camarote da Brahma, na Sapucaí. Como eu estava carente de um contato afetivo com veículos, já que o gol não era um bom galanteador e nunca ganhou meu carinho, adotei Dutch como afilhado.
Dois anos e meio se passaram, volto ao Rio. Dias atuais. Dudu desfez-se de Dutch, também com o coração na mão. Assim como eu, Dudu havia ganhado um carro da empresa. Que, evidentemente, não tem nome.
Ficamos eu e Dudu sem falar em carros. Nao havia graça no papo. Não havia a quem exaltar. Nem Mitch, nem Dutch, nem nada. Dirigíamos carros indigentes. Sem brilho. Não eram nossos.
Quando cheguei enamorei-me por um Suzuki Jimny. Enamorei-me tanto que fui ao ponto de nomeá-lo. Steady Moe. Quando tudo parecia perfeito, nova facada. O negócio desandou e nosso relacionamento terminou sem ter começado.
Há alguns meses adquiro um Fiesta Preto. Novinho em folha. Completasso. Só não é igual a Dutch por que é ainda melhor. Tem retrovisores elétricos, coisa que Dutch pai não tinha. Foi a redenção. Enterramos nosso sentimento de vazio e deixamos Dutch Black Segundo sentar em seu trono. Vive limpo, cheiroso, e na garagem. Protegido dos maus agouros dos meus amigos aziagos. E daonde ele somente sairá quando eu mudar-me daqui e for trabalhar na JWT, em Sampa.
Aziagos, temei! Vocês não tão mexendo somente comigo. Tão mexendo com Dutch Black. The Second.
4 comentários:
Modernos esses nomes...tive uma Ipanema que era "Poti" (Tipo nome de índio); uma Paraty que eu também chamava de Poti (porque daí Poti já havia se tornado sinônimo de carro para mim. Metonímico); e depois uma Meriva pretinha que até comecei a chamar de Barata. O carro não gostou da brincadeira. O Sr. Barata voltou a ser a Dona Meriva.
Mas bom mesmo é nome de fusca. Conheço uma Alcione e um Zerinho.
Beijos!
Ah nada barra o labrador preto que conheci neste sábado. Bold. Mas como assim bold, perguntei eu ao dono? Bold, ora! Bold! já que nao havia jeito de eu compreender, ele entregou o ouro. Bold, cara, negrito! hahahaha!
Dutch Black � meu her�i.
Me salvou de poss�veis estupros , assaltos, confus�es e problemas numa quarta feira vazia!
hahahahahahahah
At� eu me afei�oei por ele!
E essa hist�ria foi sensacional!!!
Meu pai teve um passat 79 que a gente chamava de Trov�o Cinza. Estofado todo pu�do, m� banheir�o, com motor de santana 2.0 mas era uma maravilha.
Gloriosa inf�ncia naquele carro.
=]
Ai, fiquei saudosista.
Dei boas gargalhadas com essa hist�ria, hein?
Sensacional!!
Beij�o!
hahahahaah Fred, Fantástico o post... Phil Mata Cone!???? Muito bom!!! Visita depois o meu blog: http://projetojukebox.blogspot.com
Um grande abraço!
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