Aconteceu (e, se bobear, por conta do fuso-horário ainda acontece), em broadcast internacional, a transmissão de 4 horas de programação, com clipes de filmes feitos por todo o mundo, por gente comum, que resolveu contar uma história, ou um fragmento de história, sobre sua vida, sua realidade, sua visão da ordem mundial.
Em uma frase o Pangea Day é:
"Pangea Day taps the power of film to strengthen tolerance and compassion while uniting millions of people to build a better future".
Waru apoia e acha tudo muito legal. Bem cool. Um bom assunto para a segunda-feira.
As cidades do Cairo, Kigali, London, Los Angeles, Mumbai, e o Rio de Janeiro teriam transmissões ao vivo, com mestres-de-cerimônia "visionários", música inspiradora (Gilberto Gil estava na parada que eu sei) e os tais clipes das pessoas.
A transmissão deu-se, no Rio, a partir das 15hrs, em algum lugar perto da descida da Ponte Rio Niterói. Mas eu cheguei tarde à informação e passei a tarde dormindo, quentinho na cama. Uma pena.
É claro que vocês perceberam um quê de sarcasmo nas minhas colocações. Pois é. Sou relutante em aceitar essas manifestações como legítimas. Acho tudo com cara de showbizz, tudo glamuroso, tudo muito legal. Mas as crianças africanas continuam com aqueles barrigões de verme, as afegãs colocando bilhas de gude dentro de granadas feitas a mão, as chinesas mortas ao nascer e as cariocas continuam sendo aviões do tráfico.
Até quando?
Espero estar errado. Sou mesmo fatalista. Espero que o Pangea Day seja de grande valia, muito mais do que um evento vazio. Muito mais do que um projeto cool do TED. Que, efetivamente, contagie as pessoas a derrubar barreiras, a enxergar o mundo com os olhos do outro, a calçar as chinelas do companheiro e pensar não somente em si, mas no grupo. Aliás, espero o mesmo do "Live Aid", "Live Eight", "Criança Esperança", "Rio contra o Crime","Viva Rio", etc.
PS.: Hoje a tarde, resolvi sair pra correr na praia. Chovia bastante. Bem na hora, é claro. Persistente como sou, fui em frente. No meio da minha solitária corrida vi um mendigo deitar-se no meio-fio, esticar o pescoço e beber a água da sarjeta, que corria para o bueiro. Impactante, no mínimo. Enquanto isso, o sr. Gilberto Gil devia estar cantando alguma musica bonitinha para uma multidão de jovens de classe-média "antenados", no Pangea Day. E, na segunda-feira, eles falarão para seus amigos de faculdade, cheios de orgulho, o quanto eles colaboraram para um mundo melhor.
Um comentário:
É um hipocrisia tão banal e tão corriqueira que mal a percebemos.
É de envergonhar, e doer.
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