domingo, 30 de novembro de 2008

Aflição

Santa Catarina está passando mesmo por maus bocados. Cidades que eu adoro, como Brusque, Pomerode e Blumenau, ahhhh Blumenau, estão completamente debaixo d'água.

Nao bastasse o tamanho do desastre na vida das pessoas de lá, acabo de me lembrar de um detalhe que torna a tragédia ainda maior. Uma dúvida tá apertando meu coração empedrecido...

Será que a fábrica da Eisenbahn foi afetada?!?!?!!?

Será que entrou água de chuva, lama, ou qualquer outra coisa imunda que seja naqueles tonéis sagrados? Naquelas serpentinas cromadinhas???

Ai meu pai... que aflição...

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Êxtase Suprema de uma Vida Pálida

Confesso que ando tão ocupado ultimamente que o Waru tem sido palco apenas de rompantes de felicidade, ou mesmo de momentos de profunda reflexão. Duas coisas que só acontecem com as pessoas à toa. Aqueles que trabalham muito tem vida superficial, sem altos e baixos, sem emoção e cor. Nesses últimos tempos tenho feito parte desse grupo preto e branco.
Mas hoje, de onde menos esperava, recebi a boa nova! Compartilho-a com todos vocês, determinados e incansáveis visitantes:

"Saiu o sexto lote do Imposto de Renda!"

Como aguardei por este momento! Êxtase suprema de uma vida pálida. (Mas que vai mudar!)

Se tivesse Eisenbahn na geladeira eu tomava litros!

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

A Sabedoria que vem com o tempo

Uma vez, quando ainda era bem pequeno, e passava férias em Tanguá, na casa de um tio de quem gosto imensamente, ouvi dele a seguinte pérola da sabedoria popular:
"Na vida, o que se leva é o que se come, o que se bebe e o que se fode!"

Pois bem, há época, eu então criança, não compreendi bem o que aquelas palavras queriam dizer. Mas como, desde moleque, tenho faro pra coisa boa, guardei na cuca esse singelo ditado.

Anos depois, já com mais idade para compreender o que cada uma das partes queria dizer, mas sem ainda praticá-las todas, eu ria de meu tio, cochichando comigo mesmo "mas que tolo! faltou 'o que se rí' nesse ditado. Um bom riso não tem preço". Sendo assim, na vida, se leva apenas o que se come, o que se bebe, o que se fode e o que se rí".

Mais de uma década depois, vim perceber que errado estava eu. Meu tia era - e continua a ser - um homem de vasta sabedoria e seu ditado está coberto de razão. Dos três prazeres propostos, em sendo coisas fenomenais, sempre se os pratica a rir. Logo, o riso está, em sua lapidada frase, subentendido. Num caso clássico de Elipse.

Um fenômeno. Na sabedoria e no português.

Repitam comigo:
"Na vida, o que se leva é o que se come, o que se bebe e o que se fode".

Comamos, pois! Bebamos e Fodamos! Muito! Afinal, o resto as traças comem!

domingo, 5 de outubro de 2008

Rock the Vote

Post Script. Ontem, domingo, 05 de Outubro foi dia de votação.
Segue aqui minha homenagem ao pleito. Um belo poster, do talentoso OBEY.
"Rock the Vote". Lembrem-se, como já pregava Cid Pacheco, Voto é Marketing.

domingo, 28 de setembro de 2008

A Draft of Reason

Mais uma experiência antropológica.

É inebriante observar o comportamento das pessoas há poucos minutos de uma prova. Eminentemente de um concurso público. É magnético. É divertidíssimo.

Pois bem, eram 7:50h da manhã de domingo. Os arredores do prédio já fervilhavam. Chegar de carro era um exercício de driblar flanelinhas camicazes, que se atiravam na frente do carro, oferecendo vagas. Após aparcar o carro num estacionamento - pois eu não vou sustentar esse mercado informal nojendo - e caminhar até o prédio da prova, fui subitamente, aplacado pela graça da situação.

Começa assim: você olha prum lado, vê um sujeito sentado no meio fio, tentando estudar nos últimos minutos que lhe restam. Mas tudo o que ele consegue é manter as várias folhas que tem no colo juntas, já que o vento teima e espalhá-las. Mais dois passos vejo um grupo de meninas de óculos. Todas. Elas debatem sobre as aulas do cursinho que fizeram, frenéticas. Fugi daquele zum zum zum de vozeszinhas finas estridentes. Mais a frente começou o freak show pra valer. Pois aí vieram os vendedores ambulantes, com seus isopores enormes. Tem gente que compra água, outros coca-cola. E os mais arrojados abrem uma skol, pra relaxar. Esses ganharam minha simpatia. Quase juntei-me a eles. É uma profusão de chicletes, halls, amendoins, club social, e por ai vai. Tem gente que vai às compras, literalmente. Satisfação geral dos camelôs. Dia de prova de concurso público é dia de faturar alto. Faturar em cima da ansiedade alheia. Féria gorda!

Na frente do prédio a multidão forma duas filas. Uma serpenteia pra direita, outra se espalha pra esquerda. Na minha habitual calma, pergunto a uns três sujeitos qual a diferença entre elas. O terceiro me disse que uma era pras escadas, a outra pros elevadores. Beleza, direcionei-me para a dos elevadores, já que meu andar era o 15o.

Nessa hora obtive a certeza de uma longa dúvida que tenho. Seguinte: sempre suspeitei que, havendo uma longa fila, que atrapalha a passagem de uma rua, ou fluxo qualquer de pessoas, o corte se dá na minha frente. Na minha pessoa. Então é aquele esbarra esbarra. Bolsada, chute, topada, tropeção, ombrada. Toda hora, de todos os lados, uma alma vem e pede licença pra passar na minha frente. Ou me surpreende vindo por detrás. É um pé no saco! Pois bem. Sempre suspeitei que tinha cara de porteiro. Hoje comprovei. O meu ponto na fila nem mesmo era o mais indicado para alguém que quisesse cruzar a linha de pessoas. Eu, sabendo dessa minha vocação, cheguei a me posicionar de forma a não deixar espaço pras pessoas passarem. Já para que elas, olhando de longe, achem outro ponto em que as pessoas na fila estejam mais distantes, dando passagem, e por lá façam seu caminho. Mas não adianta. Nego quer mesmo é passar por mim. Que porcaria irritante! Deve ser esse meu sorriso permanente na cara. Idiota.

Bem, a fila começou a andar e, depois de pegar muitos papéis inúteis oferecidos pelo caminho, ouvir o vendedor de caneta esferográfica preta e o de água fazerem muito terrorismo para venderem seus itens - no melhor discurso de marketing de guerra que eu já vi - consegui chegar ao elevador. De lá o corredor e, por fim, a sala.

Fui o primeiro a entrar. Achei meu lugar preferido, lá atrás, num canto, esquecido do mundo. Já que qualquer papel que caia no chão atrai a minha atenção, sempre opto por me espremer num canto pra cercear a desatenção. E de lá, no fundão, pude ver cada criatura que entrava. Que experiência! Ainda mais em sala de pessoas que optaram por carreira Publicidade. Entra a gorda alternativa, com mochila de bichinho. Entra o nerd espinhento. Entra o altão magricela. Entra a patricinha com cara amassada. Enfim, entra um zoológico que mais parecia a trupe do filme "Um estranho no ninho".

Os fiscais são um caso a parte. O careca e a suburbana gordosa. O careca se enrolou várias vezes. Deu o papel errado pruma penca de gente. Mandou assinar quando não devia. Mandou uns guardarem o celular num saquinho com lacre, outros não (eu não). A suburbana gordosa (que dormiu de roncar durante a prova) ensacava a bolsa e a mochila do povo que entrava. As pessoas iam se sentando. Um colocava suas compras na carteira imediatamente ao lado. Como se estivesse preparado para resisitir a uma hecatombe num bunker. 3 águas, um monte de nutris, biscoito goiabinha, halls. Outro perguntava "por que eu não posso ir ao banheiro agora?". Um gauche reclamava que não tinha carteira pra canhoto. Algumas meninas fofocavam com suas vozes irritantes ao meu lado. A maioria olhava aflita pro nada.

E eu, achando graça daquilo tudo, perdido nesta observação antropológica, rindo de mim mesmo. Rindo dos outros. Achando uma graça boba - quase tola - do que é o ser-humano num momento de tensão. Um rascunho de razão.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Escassez

Nestes tempos de escassez de posts, resta-me reproduzir abaixo uma frase muito marcante que lí num blog de um amigo.

"Não tem ninguém que saiba tudo, nem ninguém que não saiba nada: a inteligência está nas conexões."

Valeu ou não valeu a reprodução?

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

I´m not dead

Pois é pessoal, apesar de ficar muito tempo sem dar sinal de vida, eu nao estou morto!!
E, pra voltar com força total ao Waru, abaixo um texto de minha autoria, publicado hoje no Blue Bus.

Noticia do Blue Bus - 06/08/08

'Celular com meus dados pessoais? Mas nunca, de jeito nenhum' 09:25

"Sobre a nota da Thais Rensi aqui, o posterior comentário de Thiago Pellegrin aqui e fazendo uma relaçao com a nota da Deborah Serra aqui - Realmente impressionante a mobilidade e a capacidade de se tornar útil e conveniente que têm esse pequenos gadgets que carregamos nos bolsos. Ontem mesmo estava assistindo Al Ries, em seu The Ries Report e ele dedicou uma ediçao a elocubrar quais serao os grandes diferenciais que levarao ao sucesso produtos como celulares, smartphones e coisas do gênero. Reconhecimento de voz, GPS integrado, scanner, serviços de conveniência ('Fome? Tem uma pizzaria nota 5 a um quarteirao de onde vc se encontra agora'), etc". 06/08

"Mas, lendo o post da Deborah Serra me ocorreu uma reflexao. Nós, habitantes de um país em desenvolvimento, vivemos num limbo. Estamos no meio do caminho entre essas inovaçoes tecnológicas tao comuns de serem vistas na Europa e uma realidade crua, de desigualdades, de cidades partidas - plagiando Zuenir Ventura - que nao nos permite usufruir dessas facilidades tranquilamente". 06/08

"De que vale ter acesso a tecnologias e aparatos que facilitam a vida se eles nao estao ao alcance de todos - ou, pelo menos, da maioria? De que vale ter um smartphone que me mostra onde posso comprar flores para minha mulher se ao lado, enquanto caminho na rua e consulto o aparelhinho, o olhar ganancioso de um brasileiro menos favorecido mira meu brinquedinho e prepara um bote?". 06/08

"Foi pensando nestas fendas sociais que me apavorou a idéia de ter um celular com meus dados. RG, CPF, tipo de sangue, comprovante de residência... O que? No meu celular? Jamais! Vai que me roubam na próxima esquina? Já me apavora o fato de ter telefone de amigos e parentes ali, ao alcance de qualquer gatuno. Quem diria dados valiosos. Identificaçoes pessoais, dados financeiros, profissionais..." 06/08

"Já vivemos presos dentro de nossas próprias casas e condomínios. Blindados dentro de nossos carros. E agora, presos dentro dos bolsos de nossos casacos, cujos zíperes encerram nossos valiosos dados digitais, que, graças aos mobile gadgets que carregamos, nos acompanham 24/7. Quem achar que nao, lembre-se do pavor que sentiu da ultima vez em que pensou ter perdido o celular..." 06/08

domingo, 18 de maio de 2008

365 Days of Fire! ** Grand Overture **

Ladies and Gentlemen!

É com orgulho que vos informo que, precisamente hoje, o Waru completa 1 ano de vida. 365 dias de fogo!

Houve dias de chamas altas. Outros de calor mais brando. Vezes em que quase tivemos que chamar os bombeiros. Outras em que quase chegamos às cinzas. Mas o que realmente importa é que aqui estamos. "Alive and Kicking!"

E pra comemorar esta data memorável, presenteio meus resistentes leitores amigos com uma novidade. Dou início ao Waru Jukebox! Depois de tantas vezes falar de música, dessa vez vou matar a cobra e mostrar o pau. Waru Jukebox será uma área dedicada a música, com link para baixá-las. O Jukebox será organizado em álbuns, em que prepararei coletâneas. E o primeiro deles é o "Grand Overture".

Em "Grand Overture" fui eclético. O álbum transita em todas as matizes do rock n' roll. Indo desde clássicos como o inglês Humble Pie - banda de Peter Frampton antes de seguir carreira solo - até covers memoráveis, como o WASP tocando Led Zeppelin.

Pois bem, chega de lenga lenga. Vamos colocar fogo nas caixas de som! Clique no link abaixo e faça o download das músicas. A senha é grandoverture. Assim mesmo. Tudo junto e em minúsculas.


Aspectos técnicos: Utilizei o serviço de armazenagem de arquivos do 4shared. É um mecanismo facílimo de usar. Tem a aparência do gerenciador de arquivos do Windows. As músicas estão listadas como arquivos (mp3 e m4a - que dá no mesmo, não se preocupem), e o download é feito música a música, para facilitar a vida daqueles que tem conexão meia-boca ou que desejam apenas uma ou outra música, apesar de eu considerar isso heresia, já que todas são pérolas. Basta clicar no último link à direita (download) para baixar. É possível ainda ouvi-las sem a necessidade de baixar, através do ícone de botão play, à esquerda do nome da música.

Por fim, como todo bom presente, este vai completo. Abaixo as capas dos discos, com informações sobre a banda e o álbum.


Banda: Warumpi Band
Album: Big Name, No Blankets
Música: Waru(Fire)

Nada mais a dizer, senão que esta é a música que da nome ao blog.
Um grupo de aborígenes australianos fazendo rock n' roll da melhor qualidade.





Banda: Jeff Beck
Album: Best of Beck
Música: People Get Ready

O mestre Jeff Beck arrasa nesta baladinha.







Banda: The Beautiful Girls
Album: Ziggurats
Música: Bring Me Your Cup

O Beautiful Girls é uma banda australiana com um toque muito característico. Vai agradar ao povo que curte Jack Johnson e cia. Nesta música a pitada reggae é o diferencial.





Banda: The The
Album: Soul Mining
Música: Uncertain Smile

The The é inglês e o seu som anos oitenta ganhou uma penca de prêmios. Este álbum é maravilhoso de ponta a ponta, e Uncertain Smile é, sem dúvidas, uma das músicas mais gostosas que conheço.





Banda: The Hellacopters
Album: Grande Rock
Música: Paul Stanley

O rock n' roll frenético dos suecos Hellacopters é, atualmente, um dos melhores sons que circulam por ai. Este som entrou pela qualidade e pela homenagem a ninguém menos que Paul Stanley, starchild do Kiss.





Banda: Zakk Wylde
Album: Book of Shadows
Música: What You're Lookin' For

O mestre Zakk Wylde (o barbudo da foto da coluna ao lado), antes de fundar sua banda, o Black Label Society fez dois projetos solo. Um deles rendeu este álbum - Book of Shadows. O outro, o Pride n ' Glory, que também está na coletênea. Enjoy!




Banda: Pearl Jam
Album: Pearl Jam (eles e essa mania chata de não colocar nome no disco...)
Música: Unemployable

O toque surf music dessa música é fenomenal. É tão "catchy" que é bom se preparar pra ouvir sem parar.





Banda: Pride n' Glory
Album: Pride n' Glory
Música: Cry Me a River

Pronto, taí o Zakk Wylde de novo. Talvez essa seja a música que eu mais ouvi na vida. Daquelas que você põe pra tocar e fica voltando pra ouvir de novo. O ritmo country é fenomenal.





Banda: Blue Oyster Cult
Album: Blue Oyster Cult
Música: Redeemed

O fenômeno que tomou conta da América nos anos 70 - Blue Oyster Cult. Talvez umas das bandas mais inovadoras da história, mas também, uma das mais "underrated". Este é o primeiro álbum dos caras e Redeemed é uma baladinha muito gostosa.




Banda: v. Spy v. Spy
Album: The Early Cases
Música: Voice Of The People

Minha banda preferida. Spy é perfeito. Letras com conteúdo, som delicioso. Voice of the People é daquelas músicas de você se pega cantando, caminhando pela rua distraído.





Banda: Foghat
Album: The Best Of Foghat
Música: Live Now, Pay Later

O Foghat tem seu lugar no panteão das bandas americanas de rock sulino. Essa música é fenomenal, a começar pelo título. "If money talks, It ain't talking to me" é cômico!





Banda: The Cult
Album: Rare Cult
Música: Join Hands

O The Cult foi uma das primeiras bandas pelas quais eu me tornei fanático. Ian Atsbury e cia fazem um som muito competente. E o melhor, essa música nao é daquelas que todo mundo conhece, apesar de estar neste álbum coletânea. Vale cada segundo.




Banda: Andy McKee
Album: Art Of Motion
Música: Drifting

Instrumental de cair o queixo. Quem quiser uma experiência mais mais intensa, veja aqui, no You Tube, esse gorducho tocando viola. É de deixar sem ar.





Banda: GangGajang
Album: Chronologica
Música: Houses With Swimming Pools

Todo mundo conhece o GangGajang de "Gimme Some Lovin'", mas esse som é completamente diferente. É daquelas músicas que você aprende a venerar aos poucos. Num top ten das melhores músicas de todos os tempos, ela entra.




Banda: Humble Pie
Album: Rock On
Música: Sour Grain

Mr. Peter Frampton antes de seguir carreira solo tinha uma banda que se chamava... Humble Pie! Se algo pode ser definido como clássico é isto aqui. Sour Grain é um rock n' roll com todas as características do final dos anos 60 e início dos 70. Uma delícia!




Banda: John Butler Trio
Album: Three
Música: Betterman

O John Butler Trio é outra banda Australiana que se destaca muito no cenário Pacífico. É o tipo de som que não chega ao Brasil, assim como Xavier Rudd e o Beautiful Girls (acima). Pra quem gosta de Ben Harper, Jack Johnson e cia, esses caras dão aula.




Banda: Swans
Album: Various Failures
Música: Love Will Tear Us Apart

O que dizer do Swans fazendo cover do Joy Division? Uma das músicas mais clássicas da história na vaz grave do Swans. Chega a rivalizar com o original.






Banda: The Cruel Sea
Album: The Honeymoon is Over
Música: Honeymoon is Over

O pop-rock do The Cruel Sea é muito gostoso de se ouvir. Também australianos, os caras são dos anos 80 e, pra variar, o Brasil nunca ouviu falar deles. Esse album e esta música ganharam em 1993 o prêmio de melhor da Austrália. Preciso dizer mais alguma coisa?




Banda: The Strokes
Album: First Impressions of Earth
Música: You Only Live Once

Eu nunca fui fã dos Strokes, mas nessa música eles acertaram em cheio. É simplesmente um grude. De deixar o botão Rew desgastado...






Banda: Wasp
Album: The Crimson Idol
Música: When The Levee Beakes

O que dizer de uma banda poser, de americanos, liderada por Blackie Lawless, fazendo cover do clássico som do Led Zeppelin, When the Levee Breaks? Música que figura no clássico quarto álbum do Led, o da famosa Stairway to Heaven...

domingo, 11 de maio de 2008

Papo de Elevador

Entro no elevador junto com uma vizinha que não via há tempos.
Na verdade ela não mora mais no prédio. Balzaca, quase quarentona. Mó figura. Casou-se há anos e só pinta por aqui para visitar a mãe. Como é dia das mães, nada mais previsível.

- "Oi, Fred, quanto tempo!?"
- "Oi, tudo bem?" (com aquele sorriso amarelo, com cara de quem pressente coisa por vir)
- "E aí, tá de volta? Ta morando aqui?"
- "Ah to, já ha um tempão. Quase um ano!"
- "Nossa........ e aí, casou?"
- "Não... ainda não, mas to quase lá."
- "Você tá com quantos anos? Tem uma carinha de menino!"
- "28". (eu, estúpido, adiantando um pouco os dias que faltam)
- "Nossa! Não acredito! Quase trinta! meu Deus, com essa carinha... Tá conservado, hein!"

Eu sabia, lá vinha a bomba. "Tá conservado".

Melhor ouvir isso do que ser surdo...

sábado, 10 de maio de 2008

Pangea Day

Hoje, 10 de Maio é o Pangea Day. Portanto, gostaria de informar do fato aos meus parcos leitores.

Aconteceu (e, se bobear, por conta do fuso-horário ainda acontece), em broadcast internacional, a transmissão de 4 horas de programação, com clipes de filmes feitos por todo o mundo, por gente comum, que resolveu contar uma história, ou um fragmento de história, sobre sua vida, sua realidade, sua visão da ordem mundial.

Em uma frase o Pangea Day é:
"Pangea Day taps the power of film to strengthen tolerance and compassion while uniting millions of people to build a better future".

Waru apoia e acha tudo muito legal. Bem cool. Um bom assunto para a segunda-feira.

As cidades do Cairo, Kigali, London, Los Angeles, Mumbai, e o Rio de Janeiro teriam transmissões ao vivo, com mestres-de-cerimônia "visionários", música inspiradora (Gilberto Gil estava na parada que eu sei) e os tais clipes das pessoas.

A transmissão deu-se, no Rio, a partir das 15hrs, em algum lugar perto da descida da Ponte Rio Niterói. Mas eu cheguei tarde à informação e passei a tarde dormindo, quentinho na cama. Uma pena.

É claro que vocês perceberam um quê de sarcasmo nas minhas colocações. Pois é. Sou relutante em aceitar essas manifestações como legítimas. Acho tudo com cara de showbizz, tudo glamuroso, tudo muito legal. Mas as crianças africanas continuam com aqueles barrigões de verme, as afegãs colocando bilhas de gude dentro de granadas feitas a mão, as chinesas mortas ao nascer e as cariocas continuam sendo aviões do tráfico.

Até quando?

Espero estar errado. Sou mesmo fatalista. Espero que o Pangea Day seja de grande valia, muito mais do que um evento vazio. Muito mais do que um projeto cool do TED. Que, efetivamente, contagie as pessoas a derrubar barreiras, a enxergar o mundo com os olhos do outro, a calçar as chinelas do companheiro e pensar não somente em si, mas no grupo. Aliás, espero o mesmo do "Live Aid", "Live Eight", "Criança Esperança", "Rio contra o Crime","Viva Rio", etc.

PS.: Hoje a tarde, resolvi sair pra correr na praia. Chovia bastante. Bem na hora, é claro. Persistente como sou, fui em frente. No meio da minha solitária corrida vi um mendigo deitar-se no meio-fio, esticar o pescoço e beber a água da sarjeta, que corria para o bueiro. Impactante, no mínimo. Enquanto isso, o sr. Gilberto Gil devia estar cantando alguma musica bonitinha para uma multidão de jovens de classe-média "antenados", no Pangea Day. E, na
segunda-feira, eles falarão para seus amigos de faculdade, cheios de orgulho, o quanto eles colaboraram para um mundo melhor.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Lorelei

Cheguei hoje de Shangrí-Lá. Sim, aquele tal paraíso perdido para o qual eu me dirijo de quando em vez. Pra relaxar a alma.

Dessa vez encontrei Shangrí-Lá debaixo de muita água. O tal Ciclone Extra-tropical estava varrendo a mítica terra. Mas nada disso tornou meu feriadão menos mágico. Menos mítico. Quando vou a Shangrí-Lá entro num mundo próprio. Como pinhão assado. Cuca, costelão na brasa e tomo chá de marcela. Coisa que quem nunca foi a esta terra idílica não conhece. Durmo ouvindo os gambás caminharem travessos pelo forro, debaixo do telhado, procurando abrigo da chuva. Além de, é claro, desfrutar dos carinhos de minha amada.

Ocorre que dessa vez, com Shangri-Lá debaixo d'água, me perdi na lenda de Lorelei. Conta a lenda que Lorelei era uma bela jovem, cujo noivo infiel a trouxe tanta infelicidade que ela jogou-se de um abismo, no rio Reno, perto de St. Goarshausen, na Germânia. O espírito triste de Lorelei transformou-se em uma sereia, que levou à morte muitos navegantes que cruzavam aquela parte do Reno.

É claro que a lenda toma força por conta das características geográficas do local. A forte correnteza do Reno, a curva acentuada e o fato de ser o ponto mais estreito do rio desde a Suíça até o mar do norte, com o fundo cravejado em rochas, fez deste ponto um dos mais perigosos para se navegar. E, marinheiro que papa mosca, Lorelei levava pro fundo.

Pois a Danila nos contou a história de Lorelei, enquanto eu me lembrava da música homônima do Whisbone Ash. Na sala, comíamos pinhão assado e tomávamos chimarrão, vendo a água descer pelo vidro da janela e os cães tremerem de frio aos nossos pés.

E assim passamos nosso final de semana.

terça-feira, 22 de abril de 2008

Autofagia

Hoje vim assumir um defeito. E, ao assumí-lo, como qualquer megalomaníaco do mundo, me acho ainda melhor. Superior. Ao menos sou são o bastante para saber que tudo não passa de um defeito. Tolo defeito. Deve esvaecer-se com o tempo. Com a maturidade.

Aliás, com essa declaração darei combustível a todos os meus críticos. Entrego a eles gasolina e fósforos. Ateiem fogo. Massacrem. Mesmo os grandes são escravos de seus opositores. O que seria dos céus sem o inferno. Do yin sem o yang. Do governo sem oposição.

Pois bem, aí vou eu: assumo que gosto de platéia. Gosto de que me ovacionem. Gosto de ser o centro das atenções. Gosto de elogios. Sou facilmente manipulável por eles. Sou tolo. Idiota. Refém de minha própria empáfia.

Abro assim a sessão "ovos". Atirem. Aos montes. Critiquem. Maltratem. Reforcem que estou certo. Que, em algum momento sentiram isso. Perceberam minha intenção de guardar "aquela" história pro fim. Pra todo mundo ir embora pensando "uau!". Digo "algum momento" por que, mesmo incorrendo neste defeito, o faço de forma inteligente. Sutil. É mais uma maneira de me auto afirmar.

Talvez seja por que, realmente, vivi 50 anos em 28. Passei por muitos episódios. Tenho muitas histórias pra contar. Mas e daí!? Há pessoas que viveram 500 anos em 28. São muito mais interessantes do que eu. Tem muitos causos de mesa da bar. Tem muito mais papo. Muito mais motivo para ser como eu sou. Um bobo. E nem por isso o são. Guardam. Pesam. Medem.

Já eu não. As vezes passo da conta. Na ânsia de aparecer conto e reconto muitas histórias. Não que cite aventuras alheias como minhas. Mas, na verdade, muitas vezes aumento as minhas próprias. As torno homéricas. Épicas. Tenho mesmo talento para narrativa. E isso aumenta ainda mais meu problema. Sou hábil. Mestre em encantar com as palavras.

Pois bem, amigos. Este é o defeito que mais me incomoda. Tenho que superá-lo.

Sou patético. Escrevo aqui com tamanha contundência esperando bater recorde de "comments". Parti para autofagia na intenção de locupletar-me. De alimentar meu problema. Sou patético...

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Na Ingletarra neva. As Vezes.

Nenhuma das minhas histórias sobre o Tour de Force na Europa foi contada no Waru. Acredito que ainda estou receoso de que os meus amigos aziagos se sintam atraídos a focalizar seu azar sobre mim, novamente. Estou dando tempo ao tempo. Deixando o assunto descansar.

Ocorre que hoje um grande amigo meu me enviou um email interessante. O email travava da primavera Londrina. Diferentemente do que se imagina, a chegada desta primavera trouxe neve por aquelas paragens. É notório que o clima inglês não reserva muita neve. É mais chegado aos ventos, à chuva, aos dias carregados, plúmbeos e com muita neblina. Alguma coisa no mar do norte, no canal da mancha, espanta a formação dos floquinhos. Então eles descem como água mesmo. Aos cântaros. Mas, para a surpresa geral, nessa primavera caiu neve. Guardem esta informação: Neve. Em Londres.

Perfeito. Agora vamos de volta no tempo, até o dia 23/12/2007. Eu estava molhado feito um pato na chuva, no Porto de Calais, na França. É de lá que saem os ferrys que atravessam o canal da mancha e nos levam para a cidade portuária de Dover, já na Inglaterra. Digamos que é uma opção pra quem tem cagaço de viajar pelo Eurotúnel. Aliás, saibam, o Eurotúnel não é um tubo que fica deitado no fundo do mar, diretamente na água. Não. Aquela porcaria é escavada algumas dezenas de metros abaixo do solo marítimo. É mais sinistro do que se possa imaginar.

Pois bem, véspera de Natal, estávamos lá esperando na fila da imigração. De alguns anos pra cá o controle de passaportes para quem pretende entrar em solo Inglês é feito já na França. Assim, o imundo visitante, caso tenha seu visto negado, nem chega a pisar na sagrada Inglaterra. Regras do Bruce - The Lion.

E assim fomos, naquele dia em que a humidade do ar estava tão grande que não precisava nem mesmo chover para que o sujeito se sentisse ensopado. Além desse pequeno desconforto, eu também me preocupava com as gaivotas que sobrevoavam insessantemente a nossa fila indiana de pobres coitados turistas. Olhando pro chão eu percebia que elas eram todas desarranjadas. O peixe de lá não devia fazer bem pro estômago delas. E, aliás, elas não cagam. Elas borram o chão, com uma cagada que mais parece tinta branca. Meu medo era levar um "tiro" de uma dessas bichas. Ainda mais eu, que nesta altura da viagem tinha somente um casaco "du bão".

Entramos no local aonde se faz a breve entrevista. A hora da verdade. A fila foi andando, andando, e, como havia uns 40 turistas barulhentos ocupando todos os guichês abertos, um velho que me pareceu supervisor daquela repartição resolveu abrir mais um guichê, pra desafogar. Justo na minha vez. O velho tinha cara de poucos amigos. Mais parecia um entalhe de madeira, com olhos cruéis. Tipo do sujeito que nunca se casou, odeia criança e tem como "pessoa" mais próxima o seu cão. Pois bem, esse desgraçado me massacrou. Perguntou de tudo, sobre tudo. Só faltou querer saber a cor da minha cueca. Pergunta que, aliás, percebi estar na ponta da sua língua por vários momentos. Devia ser um pervertido. A última pergunta que ele fez foi - em inglês, é claro: "o que traz você a Inglaterra, no inverno?". Eu, já abatido depois de quase 15 minutos de interrogatório, alí, em pé, no balcão, respondi sem pensar: "Estou numa excursão por 12 países. A Inglaterra é só mais um. Acho que vim ver neve". Não sei qual a parte da frase ele detestou mais. Mas o fato é que o algoz respondeu tão friamente quanto o vento que soprava lá fora: "In England does NOT snow". E Pá! bateu o carimbo no meu passaporte.

Eu, sem saber se era "accepted" ou "rejected" fiquei meio estatelado, ainda com o barulho do "Pá" ecoando na cabeça. E só andei por que minha mãe me puxou, dizendo "vem logo antes que ele mude de ideia".

Pois bem, velho idiota, essa é pra você: IT DOES SNOW IN ENGLAND!



Taí a foto que o Marcelinho me mandou hoje pra comprovar. Pegue seu cachorro, sua dentadura, seu chá das cinco e enfie aonde o sol não bate. E não me apurrinhe mais por seis meses, que é o tempo que o meu "accepted" vale!

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Me, Subhuman

Eu sei. Eu sei. Eu sei. Tenho sido repetitivo. É de propósito. Vou falar - dessa vez brevemente - sobre o assunto. Ocorre que nao consigo dormir tranquilo perante estas constatações. O texto abaixo foi retirado do Update or Die, ipsis literis. Entre parenteses e com ** são meus comentários de júbilo e espanto. Leiam. Antes que os Anti-Microsoftmaníacos se manifestem, um aviso. As previsões nao foram feitas PELA Microsfost, mas sim por vários especialistas contratados por ela.

"Acaba de ficar pronto o relatório do Microsoft Research sobre como será a interação entre computadores e humanos no ano 2020. Para baixar clique aqui. Algumas conclusões:

- Estamos na Era da Mobilidade agora, mas estaremos na Era da Ubiquidade (Onipresença) em 2020 com milhares de computadores por usuário.

- Silicone e material biológico estarão juntos de uma maneira diferente, possibilitando novas formas de inputs e outputs implantáveis em nossos corpos.

- Seremos cada vez mais capazes de usar aparelhos móveis para interagir com objetos no mundo real, esses aparelhos serão como extensões de nossas mãos. (**Dá-lhe velho MacLuhan! Três vivas pra ele!**)

- Robôs serão máquinas autônomas com capacidade de aprender. (** Eu ouvi Asimov?!**)

- Criaremos ambientes digitais mais customizaveis e personalizados. (**lembram da febre de Second Life? E do Google refazendo o mundo através das fotos postadas pelo Picasa, Flickr, Google Earth, etc.?**)

- A visão de ter um computador para cada criança no mundo será mais real. (**Cada criança será um computador...**)

- Sobrarão poucas pessoas no mundo sem acesso a telefones móveis. (**fones móveis através de implantes cerebrais já sao possíveis. Em breve você poderá escolher os assessórios do seu bebê. Feito carro zero...**)"


domingo, 6 de abril de 2008

Eu não acho nada. Só perco.

Hoje não pus a cara na rua. Acordei amassado e assim fiquei por parte do dia. Enfurnado sob o edredon, apenas com a luminária que garantia um pequeno foco de luz ao meu casulo. Li revistas, jornais, livros. Lá pela 17:30h resolvi sair da cama pra tomar um bom banho, fazer a barba, olhar a janela. Dia modorrento, sem graça, sem Caren.

Enquanto lia, minha mente vagava. Folheando as publicações dominicais, peguei-me questionando algo. Existem tantas pessoas nesse mundo que nos parecem inteligentes, donas de um conhecimento gargantuesco. São bastiões da opinião sensata. Referências em economia, relações internacionais, física, geopolítica, ou outros assuntos que dão calafrios na espinha. Sempre tão seguros de suas opiniões, a ponto de publicá-las em veículos que chegarão a milhões de pessoas. Ou seja, colocam à prova do escrutínio e da investigação de milhões suas versões dos fatos, suas opiniões, seus achismos. Que culhões, com o perdão da palavra!

Senti-me diminuído depois de vagar por estas questões. São pessoas que simplesmente parecem saber tudo sobre tudo. Encerram na sua cachola todo o conhecimento da humanidade. E foi nesse momento que fiquei tenso. Como conseguiram tanto saber? Através dos estudos, da leitura, decerto. Mas, pombas, quanto tempo dedicam a lapidar seu intelecto? Quanto tempo por dia? Quantos livros por mês? Quantas aulas, palestras, ensaios, peças de teatro, pré-estreias de filmes? Quanto tempo é investido em cultura? Eu não tenho esse tempo todo! Seriam todos eles dandis, com tempo de sobra? Ou personagens de Machado de Assis, que vivem de renda. Quais as CNTPs desse povo?

Todos têm opinião sobre "Gerra e Paz", "O Velho e o Mar", leram Sun Tsu de trás pra frente, "O Príncipe" então nem se fala. Viram todos os filmes de Felini e são capazes de apontar suas cenas preferidas. Conhecem ópera e samba-enredo. Tem opinião sobre culinária francesa e conhecem as praias da Côte D'Azur. Que diabos!

Enquanto isso o meu domingo só tem 24 horas. Minha semana 7 dias e o mês mais longo 31. Os anos passam cada vez mais rápido e os livros que quero ler permanecem na estante.

E, eu, frente a tantas questões e dúvidas, continuo não achando nada... só perdendo.

domingo, 30 de março de 2008

Tudo Por Um Acento Agudo

Hoje passei o dia inerte. Estático. Parado. Antes estivesse apenas à toa. Trata-se de um status muito diferente. Estar à toa e estar inerte são coisas completamente distintas. À toa você fica quando está com a vida ganha. Sorrindo feito bobo, aquele sorriso lânguido, que se arrasta pra tudo e pra todos. Como quem estampa na face a frase "acabei de comer a Angelina Jolie". Por sua vez, inerte, estático, parado remetem a outro estado. Fiquei preso, encarcerado, algemado.

Tudo por um compromisso moral comigo mesmo. Fiquei preso em casa, estudando. Caí na besteira de me inscrever no concurso público para a ANP. E o fiz sem ler o edital. Sem saber que, além dos conhecimentos básicos exigidos para o meu cargo de Publicitário, também cobram do sujeito noções tórridas de direito. Administrativo, Constitucional, Regulação do Petróleo sei lá das quantas. Ahhh, quanta baboseira! Pra que? Pra que, eu me pergunto! Logo eu, que agora estou muito satisfeito com meu trabalho. Uso até mesmo terno e gravata! Vejam só! O que posso eu desejar a mais nessa vida?

Pois bem, a resposta é simples. Quero é um acento agudo. Só isso. O famoso chapéuzinho da vovó. Não que esse maldito concurso vá me proporcionar o tão almejado acento. Mas foi a ânsia juvenil de obtê-lo que me meteu nessa enrascada.

Que acento é esse? Ah, muito simples. Um que transforme o segundo E do meu nome de tônico, fechado, para aberto - abertassssso - e agudo.

De Frederico pra Fred é rico.

sexta-feira, 28 de março de 2008

O Post 69

Pois bem. Chegamos a ele: o Post de número sessenta e nove. Sobe-me um calafrio na espinha, só de escrever esse número. Mentes mais acaloradas que se acalmem. Não comecem a navegar por imagens obscenas. O post 69 não significa sacanagem – apesar de inspirar. O post meia nove me deixa arrepiado por que nunca imaginei chegar tão longe. Nunca pensei em ter um blog, quem dirá atualizá-lo (quase) constantemente por (quase) um ano.

Feito o quebra-gelo, vamos ao que interessa. Penetremos no post 69. Hoje vim aqui dizer que estou estupefato. Pasmo com o rumo das coisas. Do que estou falando? Simples. Estou pasmo por que o ser humano morreu. Mó-rreu. Já era. Ficou obsoleto. Deu lugar a outro bicho. Ou melhor, outro bicho-máquina.

Nunca um pensador foi tão certeiro quanto Marshall McLuhan. Esse sujeito – que morreu em 1980 – já dizia o seguinte: “os meios de comunicação são as extensões do ser humano”. E dizia isso em 1964, no livro “Understanding Media: The Extensions of Man” (engana-se quem pensa que foi no “The Medium is the Message”, o mais famoso livro de McLuhan). Não vou polemizar, nem entrar muito a fundo nesse debate, pois não é o momento. Mas o pensamento de McLuhan cai como uma luva no filme abaixo.



Como pode, uma criança que mal completou um ano de idade manipular um Iphone com tanta facilidade? O mesmo questionamento serve para outros exemplos. Como pode eu não saber de cor o número de celular da minha namorada? Nem mesmo o meu próprio número (do meu novo celular corporativo)? Como o ser humano passou a depender tão cordatamente dos objetos tecnológicos que nos cercam? E pior, não apenas dependemos deles. Nos fundimos a eles. É exatamente o que McLuhan previa há 40 anos! O celular é nossa memória, nossa voz. A câmera nossos olhos. O carro nossas pernas.

Atualmente ainda conseguimos perceber o mundo entendendo estes artefatos como objetos e instrumentos. Mas e essa criança aí do vídeo? Ela que já nasceu manipulando um Iphone. Ela que já nasceu com YouTube, Orkut, Facebook? Pendrive, PlayStation 3 e E-ticket da Gol? Ela não será capaz de viver sem essa tecnologia. Ela será parte dessa tecnologia. É um novo ser humano. É um andróide sem circuitos internos – ainda.

Passamos por muitas gerações. Babyboomers, Yuppies, Hippies, Generation X, Information Generation, etc. E esta nova geração? O que será desses super-seres? Que grau de competição terei, daqui a 20 anos, contra esse recém nascido? Eu, então com quase cinqüenta anos e ela na flor de sua tecno-idade?

Todos sabemos que crianças aprendem e absorvem informações como uma esponja. Nos tenros anos da primeira idade o ser humano é capaz de aprender numa velocidade enorme. Qual será a velocidade de criação de novas sinapses neurais que esse lindo bebê está desenvolvendo? Eu confesso que já peguei um Iphone, na minha mão, mais de uma vez. Parecia um boboca, com medo de passar o dedo na tela. Com medo de fazer qualquer besteira. E essa menininha? Ela está em casa! É tão natural quanto catucar a orelha ou o nariz. Absolutamente a vontade com o bicho.

É o fim do ser-humano. Eu, você, leitor, todos nós que já estamos com quase três décadas de vida, ficamos pra trás. Fomos pro ralo. O mundo será dos novos seres humanos. Updated. Version 2.0.

Nos restará o sessenta e nove.

segunda-feira, 24 de março de 2008

O pato, o terno e a gravata

Há tempos que tenho sido um blogger desnaturado. Não tenho nutrido o Waru de suas bobagens constantes. Mas isso tem um motivo. Quem trabalha não tem tempo pra escrever baboseiras. Notem, eu disse escrever. Porque pensar, ahhhh, quem trabalha pensa muito mais baboseira do que quem não labuta. O problema é o tempo pra colocar isso no papel. Ou no computador, como queiram.

A percepção desse fato é clara. Durante meu período sabático - ou quase sabático, pois, afinal eu fingia que estudava o dia todo – minha produção no Waru era vasta. Como acompanhava todos os noticiários, em diversas mídias, o combustível era farto. Atualmente, minha única fonte de baboseira diária é ouvir a BandNews, no longo trajeto entre Niterói e a Barra da Tijuca – O Universo número 2. Ao menos vou bem acompanhado, junto ao Boechat, Megali e José Simão. Time impagável.

Agora, que faço esta viagem intergaláctica diariamente e passo o dia pegando no batente, o Waru quase virou cinzas.

Mas eu sou mesmo cheio de rodeios. Há três parágrafos estou aqui dando voltas. Vim aqui para dizer que terno e gravata é o que há. Principalmente para alguém como eu, cujo ditado de vida é “poleiro de pato é no chão”.

Explico: tem gente que tem uma certa aura nobre. Estirpe, eu diria. Uma pose natural que inspira respeito. Parece que veio de uma casta nobre, do topo da pirâmide. Não é plebeu. É nobre. E não está nem no fato de ter um monte de sobrenome. O meu nome é quilométrico e nem por isso desfruto de tal aura. Por outro lado, tem gente que é “simplesinha”. É normal. Se mistura facilmente na multidão. É blasé sem querer ser. Esse sou eu. E esses são os patos. Pato não tem poleiro. Pato não canta, não cacareja. Pato não se destaca. Pato é pato. E poleiro de pato, meu amigo, é na chon!

Só que o bicho homem é bicho malandro. E sabe como suprir suas carências. E, aliás, é isso que o difere do resto dos animais. Dos patos, por exemplo. O bicho homem, quando não tem essa aura de nobreza natural supre essa carência vestindo terno e gravata, ora! Basta envergar um uniforme de pingüim que o sujeito vira qualquer coisa imponente. Juiz, presidente, gerente, diretor, superintendente, CEO, qualquer nome de posição que emane importância. Tirando, é claro, os seguranças de porta de boite. Mas esses usam aquelas gravatas falsas, com elástico no pescoço. Então não vale. Quem dá nó em gravata é que tem direito a ser promovido a nobre.

Um dos meus amigos mais inteligentes – e que portanto, nunca leu o Waru – diz uma frase muito cheia de razão: o terno é a armadura do homem moderno. É com ele que o homem combate o dia a dia. Mas que espetáculo de colocação. Ainda mais vindo dele. Um advogado que enfrenta – com muita coragem e de terno e gravata – o sol escaldante do Centro do Rio pra ir ao Fórum. Isso é que é guerra!

Pois bem, recentemente, eu passei a usar tal artifício para subir no poleiro. Entrei na beca. Vesti o terno. E não quero mais saber de tirar. Virei nobre. Virei gente. Muito curiosa a reação das pessoas. Visualizem: entrei numa empresa nova, em que ninguém me conhece. Fui orientado a pintar por lá todos os dias de terno e gravata. Esse é o dress code vigente. Ganhei cadeira de espaldar alto, com braços, e cheia de manivelas por debaixo pro sujeito achar seu conforto. Pronto, foi o suficiente pra ninguém me olhar no olho. Ninguém falar alto na minha presença. Pro grupinho em torno da máquina de café parar de falar e interromper a piada no meio quando eu chego. Pra que os outros sujeitos de terno me cumprimentem, sem nunca terem me visto antes. Impressionante.

Não que eu esteja gostando dessa situação. Não que eu tenha esse desdém no olhar, próprio dos homens de terno. Mas que é engraçado perceber que qualquer pato pode virar cisne, é.
Meu único medo é que, com o passar do tempo, minhas penas comecem a aparecer por debaixo dos botões. Percebam que eu não fico confortável dentro da armadura. Que eu não tenho essa aura, essa estirpe. Que eu sou mesmo é pato! E que poleiro de pato é no chão!

terça-feira, 4 de março de 2008

O D 'd On Life Itself

Um mês e meio. Um pouco mais, ou um pouco menos.
Nesses dias - que transcorreram sem a minha presença no Waru, diga-se de passagem - aconteceram mais fatos novos do que nos últimos seis meses. Bem, ao menos coisas boas. Já que o azar que rondava minha vidinha de fotonovela foi assombrar outro pobre homem que não eu.

Mas não vou discorrer sobre todas essas novidades. Não hoje. Não agora. O que importa mesmo agora é que o tal Marcelo ficou no Big Brother. E isso é ultrajante! Só me prova que brasileiro é mesmo um povo estranho. No barato.
E, não bastasse, a Venezuela ta fazendo merda de novo. E caiu mais aviao nesses tempos do que eu ouvi falar em toda minha vida. E Knut, o ursinho, cresceu e virou um urso ameaçador - como a natureza - sábia - predisse. E assim segue...

Só resta cantar, em ritmo de Blue Oyster Cult: O D 'd On Life... Life Itself.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Donald Son

Realmente, ouvir Grateful Dead faz com que meus neurônios fiquem mais em ebulição do que os de Bob Marley, depois de um catch a fire caprichado. Depois de um up in smoke. Depois das aventuras de Cheech and Chong.

Fico doidão. E, neste estado alterado, começo a divagar. Hoje, esta viagem mental levou-me até o meu avô materno. Senhor Donald Son. Sim, este era seu nome. Na verdade, era uma corruptela: Donalson. Donalson Moreira Lima.

Seu Donalson teve vida dura. Veio do campo, com 7 filhos na bagagem, juntamente com sua esposa, Vovó Maria. A vida pro seu Donald Son não foi mole. Desde o início, lá no Espírito Santo, ele "pelejava no campo". Cuidava das terras que o Pai de vovó Maria, então grande plantador de café do Vale do Paraíba, havia deixado sob seu escrutínio.

Como 70% das famílias brasileiras na década de 50, a numerosa família de seu Donald Son mudou-se do campo para a cidade, em busca do sonho de viver em meio a um Brasil milagroso. Seu Donald Son então abriu uma mercearia. Um "armazém", uma "venda", como chamavam na época. E ela prosperou. Muito. E Donald pode criar seus 7 filhos com muita dignidade.

Já idoso, seu Donald Son perdeu uma perna. Sua única filha mulher - minha mãe - até hoje defende a tese de erro médico. Eu não sei. Não era nascido. Logo, já conheci meu avô com perna mecânica. E era nessa perna de pau - engenhosamente articulada - que ele me colocava sentado, a olhar o movimento da rua e me falar da vida. Perguntava das minhas notas e do meu comportamento no colégio. As notas eram sempre boas, o que o orgulhava muito. O comportamento era "R", de regular (bondade das minhas professoras, pois eu merecia mesmo era "F" de fraco). Mas seu Donald Son não era bobo. Conhecia o neto. E ele me repreendia. "R é ruim", dizia meu velho avô de perna de pau.

E Donald Son, no final da tarde comia um prato de angu. Um reforço pros muques dizia ele. E, após comer, me mostrava o "batatão", fazendo o muque, contraindo o bíceps. Apesar de já velho, seu Donald era forte feito um touro. E pedia para que eu comesse bem, pra ter batatão também. Homem simples. Homem sábio.

Nunca perguntei-o o motivo do seu nome. A família era toda de portugueses. Por que Donald Son? Quem fora Donald? Meu bisavô? Nunca saberei. Ou melhor, não saberei com facilidade. Um dia achei nos alfarrábios de meu avô, perdido entre os livros em que ele anotava as vendas fiadas do armazém, um velho livro com a árvore genealógica da minha família. Eu era pequeno demais para guardar algum nome, ou história importante. Mas lembro que o livro tinha uma lombada grande, e a árvore era enorme. Isso dá combustível pra minha imaginação até hoje. Gosto de pensar que descendo de grandes homens. Homens com batatão. Simples e sábios.

E assim lembro de meu avô. Altivo, forte, calvo, em pé com a bengala que o ajudava a se apoiar na perna de pau, sempre escondida sob calças compridas passadas com esmero por Vovó Maria. E ele parava feito um cão de guarda na frente do prédio em que moravam. Uma sentinela. Parecia que dalí controlava a ordem do mundo. Que todas as coisas estavam sob seu domínio e responsabilidade. Seu olhar era duro e retesado. Enquanto isso, eu, criança pequena, brincava nos jardins, em meio a terra e planta. Virava e mexia seu Donald Son se virava, sol atrás de si, abrandava sua expressão, abria um sorriso e me fazia o muque a distância.

Eu, lá do fundo do jardim gritava, sorrindo: "batatão, vovô!"

Emenda ao Soneto

É, percebi que tenho que cumprir uma promessa.
Aziagos, vocês fizeram a sua parte. Esqueceram-me e assim, pude curtir minha viagem na devida paz. Faz-se necessário a contra-partida que prometi. Passem aqui em casa: tem chocolatinhos suíços e sacanagens do museu do sexo londrino.

Mas atenção. Só leva o chocolatinho se topar a novidade londrina.

Vão arriscar?

domingo, 20 de janeiro de 2008

The Boy's Back in Town

Certo, chega de moleza. Vamos reativar o Waru. Vamos jogar lenha, abanar o fogo. Estou de volta. Alive and kicking!

A semana imediatamente após a chegada da Europa foi corrida. Início de novo trabalho, colocar a vida em dia, pagar contas, etc. Mas vamos lá. Tem muitos "causos" pra contar.

E, como meus amigos aziagos foram muito - mas muito - gente boa comigo, e realmente retiraram a minha lembrança de suas mentes azaradas, a viagem correu numa boa. E, pra provar que iniciei 2008 com muita sorte, vos comunico que voltei de Madri pro Rio de primeira classe. Péra, vocês leram muito rápido e não registraram o que eu disse: voltei da Europa pro Brasil de Primeira Classe. Pagando precinho de econônima, claro!

Os detalhes de como demos essa borrada (por que cagada é pouco) eu conto posteriormente. Por hora quero relatar o meu conforto... Tudo começa com a poltrona, que reclinava até 180 graus e tornava-se uma perfeita cama. Tudo controlado por uns botoeszinhos no braço direito, bem ao lado do controle remoto da TV individual, que possuía um repertório vasto de bons filmes, músicas, jogos e leituras. Lá pelas tantas eu não resisti (e perdi o medo de mexer naquela parafernália de controles que a poltrona tinha) e arrisquei apertar o botaozinho misterioso, cujo ícone eu não fazia ideia do que significava. Pronto, a poltrona começou a massagear as minhas cansadas costas. Meu lombo agradeceu e não resisti. Caí no sono. Pouco tempo depois sou acordado pela aeromoça - muito delicada - perguntando se queria champagne, uísque, ou algum outro aperitivo antes do almoço. "errrr, no gracias, solo una coca-cola, por favor".

Pro almoço haviam 3 combinações de entradas, pratos principais, sobremesas, e até pro cafezinho (puro, com "leche" ou com "crema"). Impressionante. Tudo uma maravilha. Ah, perdoem-me. Esqueci de mencionar que, junto com os travesseiros e cobertores que as amigáveis comissárias nos entregaram, também veio um singelo "regalo". Uma necessaire de couro, com tudo que você pode ou não precisar durante o vôo. Desde escova e pasta de dentes até xampu (que ainda me pergunto por que estava lá...)

Realmente vale a pena assaltar um banco pra ser milionário. É assim que se viaja! É assim que se vive! Os espremidos numa lata de sardinha da classe econômica não fazem sequer idéia do que se passa na realeza. Enquanto a galera amargava uma fominha no meio do vôo, nós - da primeirona - tínhamos snack bar open, o vôo todo... Um exagero. Uma afronta.

Depois dessa, não tive dúvida. Ou todos os meus amigos morreram numa Tsunami que atingiu Niterói, ou realmente deixaram de focalizar seus maus flúidos na minha humilde pessoa. Sentí-me livre do peso de carregar o azar do mundo nas minhas (agora massageadas) costas.

Fenomenal.